Um grupo ligado ao Parlamento Europeu alerta para uma “ameaça radical” dos conservadores religiosos — ou seja, pessoas que defendam a Vida, a Família ou a Fé são consideradas “Extremistas”
O Fórum Parlamentar Europeu para os Direitos Sexuais e Reprodutivos (EPF) lançou The Next Wave (26/06). Um “relatório” que pretende expor a ascensão dos chamados ‘extremistas’ e atores religiosos “antigênero” e “antifeministas” na Europa. Mas cujo objetivo seria “desmantelar décadas de direitos sexuais e reprodutivos duramente conquistados em toda a Europa”.
Disfarçado na linguagem dos direitos humanos, o documento é, na verdade, um dossiê politicamente carregado. Ademais, parece antes uma avaliação de ameaça antiterrorista. Sendo assim, retrata explicitamente os grupos de defesa religiosa como parte d’uma ameaça extremista organizada. Logo, que é necessário deter a todo custo.
Os Verdadeiros “Extremistas”
“Uma nova aliança de extremistas religiosos, populistas de extrema direita e financiadores oligárquicos” tenta “levar o extremismo religioso para a governança convencional por meio da mídia, ONGs, partidos políticos e instituições públicas”, afirmam os autores. Todavia, cegos à ironia de que o próprio EPF é financiado por poderosos grupos de lobby. Além disso, inserido em instituições da UE que transformam seu ativismo em legislação.
O EPF apresenta-se como um fórum parlamentar neutro. Entretanto, é uma rede de advocacia bem financiada e estreitamente alinhada à Comissão Europeia. Conquanto, recebe ao menos €3 milhões ao ano em financiamento público. Ironicamente, advindos de fontes internacionais.
Seu apoio financeiro inclui doadores poderosos como a Fundação Bill & Melinda Gates, a Open Society Foundations e a IPPF. Portanto, organizações que, em muitos casos, não são europeias. Ademais, têm interesses em moldar políticas sociais em toda a Europa.
O EPF opera usando poder brando. Assim, tem acesso ao Parlamento Europeu e influencia os principais instrumentos de financiamento da UE. Por exemplo, o Quadro Financeiro Plurianual (QFP) e a infame ferramenta de censura, a Lei de Serviços Digitais (DSA).
Hipocrisia e Perseguição
Ao contrário do que afirmam seus autores, isto não é pesquisa. Mas uma campanha ideológica para deslegitimar a dissidência e preparar o terreno à censura. Aliás, sancionada pela UE e a fim de esmagar a oposição política.
Enquanto eurodeputados alemães e poloneses defenderam o relatório em seu lançamento no Parlamento Europeu. Ao mesmo tempo, o Estado de direito e as normas democráticas são pisoteados em seus próprios países. Portanto, é um sinal claro da hipocrisia endêmica que seus autores ignoram intencionalmente.
Como demonstraram os ataques em massa contra dissidentes políticos na Alemanha e pela perseguição à oposição na Polônia. A liberdade está ameaçada na Europa — mas não pela direita religiosa. Onde está o protesto da UE contra as tentativas de Berlim de banir o principal partido de oposição do país ou a guerra jurídica de Paris para manter Le Pen fora da cédula eleitoral?
Então, quem são esses “extremistas religiosos”?
Todos conhecemos o roteiro. Defende proteger a vida, promover famílias tradicionais e os direitos dos pais, a liberdade de expressão e a liberdade de consciência? Então, rotulam você como uma ameaça à democracia. Os mesmos grupos que dependem de financiamento estrangeiro não revelado para impulsionar as próprias agendas.
Por exemplo, o relatório dedica vários capítulos aos supostos “extremistas” antigênero e pró-natalidade da Igreja Católica. Inclusive, mencionando as organizações católicas pró-família Ordo Iuris na Polônia, Civitas Christiana na Holanda, ou CitizenGo, FAFCE e Human Life International. Pois estão presentes em vários países.
Do ponto de vista político, é mais óbvio a quem referem-se como organizações “extremistas religiosas”. Segundo o relatório, um dos maiores centros de poder desse império de “extrema direita” é o think tank conservador MCC Bruxelas. Ademais, é mencionado duas dúzias de vezes. Mas, também, retratam como o baluarte ideológico da influência maligna do primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán, em Bruxelas.
“Extremistas” por todos os lados?
Nenhuma surpresa aí. Na verdade, tudo o que a Hungria toca, declaram como inimigo dos “direitos sexuais” pelos autores. Até a Hungary Helps! Ou seja, uma organização de caridade dedicada a ajudar cristãos perseguidos no Oriente Médio e na África.
Da mesma forma, listam como extremistas quaisquer organizações sociais conservadoras ligadas aos membros do grupo Conservador e Reformista Europeu (ECR). Mas, também, aos Patriotas pela Europa. Sendo assim, incluem a Nova Direção, da ECR, fundada por Margaret Thatcher, e a Fundación Disenso, afiliada ao partido VOX, da Espanha.
A “captura midiática” dos partidos europeus de ‘extrema direita’ desempenha um papel importante na legitimação dessa rede, afirma o relatório. Menciona o europeanconservative.com, que “promove rotineiramente as narrativas antigênero, enquadradas como esforços para salvaguardar o patrimônio nacional e os valores cristãos”. Bem, tudo o que podemos dizer é que estamos felizes por sermos reconhecidos.
‘Hipocrisia na escala Richter’
No lançamento do relatório na semana passada, os diretores do EPF e seus aliados soaram o alarme sobre os cortes de financiamento da USAID. No entanto, acusaram seus críticos de serem influenciados por “atores estrangeiros”.
Um representante do grupo global de defesa dos direitos humanos ADF International — outro “alvo” do relatório apoiado pela UE — disse ao europeanconservative.com:
A hipocrisia é fora da escala Richter. Pois essas organizações dependem dos pagadores de impostos americanos e bilionários globais. Mas defendem o corte de verbas para pequenos grupos conservadores, que recebem muito menos.
O que o EPF chama de relatório sobre extremistas, parece uma lista de desejos de censura. Porém, disfarçada de jargão acadêmico e logotipos de doadores. Ao enquadrar visões tradicionais, religiosas e conservadoras como inerentemente “antidemocráticas”, o EPF arrisca transformar as instituições da UE em executores ideológicos. E não mediadores democráticos.
Algumas semanas atrás, a ADF realizou um evento no Parlamento Europeu, organizado por eurodeputados conservadores do ECR e do Patriots for Europe. Paul Coleman, diretor executivo da organização, alertou para a ameaça à liberdade de expressão no continente, em nível que não acontecia há décadas. Ademais, o crescente regime de censura da UE cada vez mais projeta-se para suprimir a dissidência conservadora e religiosa. Sempre sob o pretexto de combater o “discurso de ódio”.
Perseguição
Com sede em Viena, a ADF é composta principalmente por advogados especializados em direitos humanos, incluindo liberdade de pensamento e expressão. Sua cliente mais conhecida é a parlamentar finlandesa Päivi Räsänen. A qual acusaram do “crime de ódio” de tuitar versículos bíblicos para explicar suas opiniões sobre questões LGBTQIA+. Já absolveram Räsänen duas vezes. No entanto, ainda enfrenta uma sentença criminal.
A organização também trabalha com ‘Billboard Chris‘, o famoso ativista de proteção à criança preso em Bruxelas no mês passado. Prenderam Chris por simplesmente ficar na rua com uma placa que dizia “Crianças não podem consentir com terapia hormonal”. Também representa várias pessoas acusadas por rezar silenciosamente do lado de fora de clínicas de aborto no Reino Unido.
Esses exemplos mostram exatamente a que o EPF e outras organizações semelhantes se referem quando falam sobre o “extremismo religioso de direita”. Ou seja, como uma ameaça aos direitos progressistas “conquistados com muito esforço”. Conquanto, seu único objetivo é usar o poder institucional de Bruxelas como arma para esmagar qualquer oposição à sua agenda.
Quando as posições predominantes sobre família, gênero ou direitos parentais são tratadas como ameaças aos valores da UE, nos aproximamos perigosamente do policiamento ideológico da era soviética, algo que se torna mais real a cada fiasco da liberdade de expressão na Europa
ADF
Tradução de Roberto Lacerda Barricelli de “EU-Backed Report Labels Pro-Family Christians as ‘Extremists’”. Publicado originalmente no European Conservative.
