Na Constituição de 1988 a educação foi definida como um ”Direito de todos e Dever do Estado”; mas o que é Educação?
Educação é apenas o que se aprende nas instituições de ensino, ou se fundamenta n’uma base de princípios e valores, aprendidos através de instituições primárias como a Família e a Igreja? E o conhecimento? É adquirido exclusivamente nas salas de aula, transmitidos pelos lumiares inatacáveis da novíssima inteligentzia tatuíra?
Educação: Dever do Estado?
Ao aceitarmos uma definição de educação como “direito de todos e dever do Estado”, primeiro, transferimos ao Estado o poder para interferir nas relações entre pais e filhos. Seja criando leis arbitrárias e ditatoriais que interferem na educação religiosa, moral, ou política, que os pais passam aos filhos através de seus princípios, valores e imitação dos costumes, até ao controle total sobre o ensino ministrado nas escolas e faculdades. Ou seja, sem consideração pelas Famílias; e não faltam casos de doutrinação ideológica e alienação parental nessas instituições.
Não só, interfere na nossa própria busca pelo conhecimento e acesso aos mais diversos meios legítimos. Como manipula e distorce as nossas relações familiares. Afinal, se o professor ensina ao aluno cativo, que as crenças e valores da sua família estão errados, são odiosos etc., como se relacionará com seus pais e familiares? Qual será o ambiente em seu lar?
A Classe Dominante
A verdadeira classe dominante é a que compõe o Estado desde antes da consolidação do Império, tendo derrubado este por um golpe e ainda governando numa emulação do sistema de Capitânias Hereditárias. É a mesma velha elite, cujos descendentes apenas trocam de ideologia conforme as novidades, pois somos todos homens de nosso tempo.
N’alguns lugares são de fácil identificação, como no Norte e Nordeste do país, onde os coroné’s dominam a política local e se satisfazem com prefeituras, filhos na vereança, e cargos parlamentares. Logo, não surpreender que tenham mais senadores do que Sul, Sudeste e Centro-Oeste, responsáveis pela maior parte da produção econômica, portanto, da arrecadação de impostos. Nas cadeiras de governadores, se revezam.
Adaptação Ideológica
Há quem pense que a ideologia muda esses esquemas de poder. Quanta baboseira! Num Brasil comunista, os donos do poder local continuariam sendo os descendentes das grandes Famílias, apenas sob nova roupagem. A maior prova disso? Flávio Dino, comunista e ex-governador do Maranhão, descende de Família que ocupa postos de poder desde o Brasil Império. Quer mais um? O petista Elmano de Freitas, do Ceará, é filho de um agricultor respeitado, e seu antecessor, o também petista Camilo Santana, é filho d’outro carreirista político, que chegou a ter o poder de gestão sobre todos os recursos hídricos do Estado. Antes deles? Cid Gomes, irmão de Ciro Gomes, quem também governou o Estado.

Na capital de Pernambuco temos um sucessor da Família Arraes, João Henrique Campos, filho do ex-governador desse estado, Eduardo Campos. Acho que está bom, para provar que não importa a ideologia, mas o sangue, o grupo, a Família. Por que acham que defendem tanto a tal Reforma Agrária, o MST e outros grupos terroristas, mas não sai do papel? Só quem se lasca é produtor rural fora do esquema, ou boi de piranha? O Brasil não é a Ucrânia, não pode matar os kulaks.
Portanto, ao longo dos séculos, essa elite camaleônica se transformou naquilo que precisa ser para se manter no poder. Seja onde for! No nordeste, ou mesmo nas demais regiões, como os Genro no Rio Grande do Sul, os Caiado em Goiás etc. Porém, não é tão fácil identificar essas elites no Sudeste. Nesta região, os sobrenomes revelam só uma parte da elite econômica, financeira e política. Porém, existem e controlam desde as indicações de cargos nos órgãos mais simples, até secretarias e comissões nos governos, prefeituras, câmaras e assembleias.
E o que tem a ver com Educação?
Ora! Ao transferirmos nossas responsabilidades ao Estado, abrimos mão de nossos direitos. Ficam só num pedaço de papel, que sem a força para se fazer cumprir, não passa de letra morta. Pois adivinhem nas mãos de quem depositamos esses direitos? Das elites no poder. Estas, por sua vez, controlam castas, e definem seus rumos. São os políticos, funcionários públicos e lobistas do corporativismo, que se deixam cooptar e cooptam a máquina pública, para obter benesses em troca de favores, e em detrimento dos interesses populares.
Na casta dos funcionários públicos, destacam-se os professores e a máquina de perseguição judicial. Os primeiros, porque criam as teses dentro nas universidades, que são replicadas nas escolas e nos cursos superiores, formando as mentes dos futuros militantes do Direito, das redações, das demais funções públicas, ongeiros etc.; ou seja, a futura opinião pública. Os segundos, porque agem para garantir que ninguém consiga se erguer contra esse sistema, sufocando as liberdades e a própria capacidade de subsistência dos adversários.
Mas não se iludam. Membros de quaisquer castas, que enfrentem os interesses da classe dominante, são eliminados – d’uma forma ou ‘doutra; fisicamente, moralmente ou mentalmente. Portanto, se precisarem mudas os discursos e se colocarem ao lado de outras ideologias ou personagens históricos, não titubeiam em fazê-lo, promovendo (se necessário pela força) todas as alterações necessárias à manutenção do poderio de suas Famílias.
As Castas Inferiores
Os nossos filhos são vistos como pertencentes às castas inferiores, logo, massa de manobra, descartáveis. Não importa o estrago espiritual, mental e físico, desde que essas massas sejam doutrinadas e dirigidas para os fins dos poderosos. Isso pode ocorrer quase por osmose, ou com planejamento e organização. Porém, quanto maior a distância do local onde se planeja aplicar, mais difícil a tarefa. Sendo assim, é a vantagem que têm as Famílias, a Igreja e as Associações.
A educação está aparelhada por àqueles que há séculos controlam o Estado brasileiro e avançam com esse projeto espúrio de poder. Todavia, poucos percebem, e geralmente quando os meios de ação estão escassos, aprisionando-se num ciclo de reação, reação e reação. Manipular os filhos contra os pais, desenvolver uma cultura de intolerância entre religiões (na meta de fundar uma religião oficial alicerçada na ideologia que melhor servir a tal propósito) e destruir as relações individuais, são estratégias antigas para doutrinação e dominação de uma sociedade.

No Brasil, os comunistas estão mais avançados no domínio das estruturas de educação, enquanto os patrimonialistas sem uma ideologia clara (o tal centrão) controlam mais estruturas de poder local e definem se haverá ou não ‘governabilidade’. Numa eventual revolução comunista, os historicamente mais alinhados tendem a manter seus currais, posições e privilégios. Em questões de estrutura, não se distanciaram no sistema de Capitanias Hereditárias; a Velha Elite, é a Nova Elite do Partidão.
Mas as ‘castas inferiores’ seriam varridas, como demonstra a história de revoluções comunistas (Rússia, Hungria, Cuba, Ucrânia, Alemanha, Camboja, Vietnã, Coreia do Norte, Venezuela etc.). O que muda é o nível do descaramento acerca do controle sobre a educação dos nossos filhos. Pois num regime que precisa fingir ser democrático, os bilhões do orçamento e de parceiros precisam escoar para capacitar doutrinadores, esconder suas ações e abafar exposições. Entretanto, numa ditadura autodeclarada, uma boa bala, uma boa pá e uma boa cova resolvem a situação de quem se recusar a ceder as almas e mentes de seus filhos.
Educação de Base
A responsabilidade pela base educacional de nossos filhos compete a nós, pais, avós, tios, enfim, tutores desses pequenos seres humanos em formação. Nós que temos a responsabilidade de lhes passar os valores morais e éticos adequados, como o respeito aos direitos naturais à vida, propriedade privada e liberdade.
Se fazemos isso através criação familiar, ou do convívio na Igreja, ensino religioso, filosófico, através das ciências etc., é algo que compete só a nós decidirmos. O que vejo na sociedade brasileira (em em muitas outras, em estágios mais avançados, ou próximos) consiste numa “troca voluntária” distorcida. Mas a muitos satisfaz. Pois, o Estado brasileiro tem lentamente retirado nossas liberdades, contudo, em ‘troca’ assume as nossas responsabilidades e ‘socializa’ as consequências.
Há muitos pais satisfeitos por “jogarem” seus filhos em campos de doutrinação, esperando que os professores os eduquem totalmente, assumindo suas responsabilidades. A preocupação concentra-se em não perder os ‘benefícios sociais’ e culpar o outro pelos próprios erros, do que cuidar do Ser que trouxe ao mundo. A sociedade brasileira está infectada pela cultura do estatismo, esperando que o Estado faça aquilo que compete aos cidadãos, mesmo perdendo algo tão precioso como a liberdade.
Colonialismo Ideológico
Está é uma troca forçada. Contudo, “voluntariamente” aceita, ou por ausência de oposição, ou por ser mais confortável não ter que assumir responsabilidades, nem as consequências pelos próprios atos. Não é à toa tantos protestam contra problemas inerentes à intervenção estatal, como os elevados índices de homicídios ao ano, mas pedindo por mais Estado. Ou seja, mais picada de cobra para curar o envenenamento.
Sendo assim, os cidadãos que não querem se submeter ao Estado viram reféns dessa patota. Lá instalada e “legitimada” pelos idiotas úteis que lhe servem de base social. Logo, não estranho tantos terem acreditado em falsos profetas, ignorado até os apelos da maior liderança, e se atirado aos braços do STF. Mesmo esses estão ideologicamente colonizados.
Estamos deixando que o Estado lentamente substitua todas as nossas instituições primárias, sem medir as consequências. Com o enfraquecimento de tais instituições, o Estado se expande. A escola é um local onde o aluno deve ter acesso a uma formação pedagógica e profissional, que lhe permita descobrir e explorar suas aptidões, visando o desenvolvimento das vocações da físicas e intelectuais, enquanto nas Famílias nos preocupamos com as vocações do espírito.
É também um ambiente que permite o contato com outros indivíduos em situação parecida e a troca de experiências que o ajudará a viver em sociedade, mas que não é mais importante, sequer indispensável em relação à convivência em Família.
E o Ensino como Bem Econômico?
O ensino profissional, seja na escola, faculdade, ou cursinho, é um bem econômico, não um direito, e deve ser obtido por cada indivíduo, quando ainda incapaz através de seus pais ou familiares responsáveis, ou instituições da sua comunidade (Igrejas, Associações, Instituições Filantrópicas sérias etc.) e quando produtivamente capaz, através do próprio esforço.
Em casa ensinamos nossos filhos a lidarem também com a derrota, na escola eles devem viver a experiência prática disso, por exemplo, em competições esportivas, científicas, debates etc. Ensinamos também a se portar quando vitorioso, na escola ele pode praticar isso nas mesmas situações. Ou seja, a escola é uma instituição que também ajuda no desenvolvimento dos ensinamentos familiares. Não apenas uma preparação para especializações, graduações, pós-graduações, e assim por diante. Pode ser um auxílio no desenvolvimento do Ser Humano, e do futuro profissional. Mas não é mais importante, tampouco indispensável em relação às Instituições Primárias.
É um bem econômico, com possíveis benefícios culturais e sociais, mas não indispensável a estes, podendo ser local de destruição. Por exemplo, pela imposição de ideologias que servem aos donos do poder – geralmente por imbecis que se acham realmente revolucionários, atores de um processo de derrubada das elites e das injustiças. Mas também quando inserem medalhas de participação, negam as diferenças, nivelam todos por baixo e proíbem os alunos de competirem, impedindo que pratiquem virtudes como a coragem, a humildade, a temperança, justiça, benevolência etc. Geram um ambiente sufocante, de fraqueza, impotência e esterilidade moral.
Gosto da frase do prof. Dr. Miguel Nagib:
Ensine seus filhos a desconfiar dos professores, antes que ensinem a desconfiar de você
Conclusão
Por fim, cabe a nós, pais, passar aos nossos filhos a base que norteará seu desenvolvimento enquanto indivíduo. É a educação familiar a responsável pela formação de indivíduos conhecedores e respeitadores dos direitos à vida, propriedade privada e liberdade, daqueles que praticam as virtudes e amam ao próximo.
Dar ao Estado o poder sobre a educação dos nossos filhos e deixá-lo definir até o ensino profissional como um direito e não como um serviço, é permitir a destruição das relações familiares, individuais e a transformação da educação em instrumento de controle estatal sobre todos nós. Logo, haverá mais o que controlar e seremos prisioneiros e dependentes das Elites Dominantes dessa entidade abstrata, monopolista, interventora e agressora, que é o próprio Estado.
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Carta Póstuma (E-Book)
IVCAIRU Editora | 2024 | 1ª edição | São Paulo | SP | 10 x 15 cm | 68 páginas | Capa de Diogo Cruxen | Prefácio de Vitor Marcolin | Notas e Apresentação de Roberto Lacerda Barricelli | ISBN: 978-65-85352-12-3
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Foi com grande surpresa que ‘tropeçamos’ nesta carta durante pesquisa de obras raras para resgate e publicação.
Investimos meses em pesquisa para ter a segurança de publicar tal documento sem a dúvida sobre sua originalidade.
Não menor foi a surpresa ao encontrar um Pedro I maduro, sincero e com as qualidade de um verdadeiro estadista, que enxergava as reformas e ações necessárias ao Brasil para que se torna-se uma grande e soberana nação.
A carta foi uma oportunidade para o Duque de Bragança se defender das acusações de um suposto golpe, que deporia seu filho, em nome do qual os regentes governavam, e devolver-lhe-ia o trono. Havia partidários, mas Pedro I já era Pedro IV de Portugal, logo, restauraria a união do Brasil, recém independente, ao Reino de Portugal e Algarves, e isso era ardentemente repudiado até pelos moderados.