Problemas atuais são a extensão de problemas antigos não resolvidos, ou o tal do processo revolucionário

Se tem por lugar comum o tapa que um emissário de Felipe IV de França, o Belo, desferiu ao Papa Bonifácio VIII, como o início do processo revolucionário [1]. Isso supostamente ocorreu em plena era de ouro da Igreja Católica, no Século XIII.

Todavia, são antigos os problemas, que encontraram no processo revolucionário uma ‘organização intelectual’; sua forma ideológica. É assim com as ideias feministas, que encontramos em forma embrionária na obra Lisístrata, do dramaturgo grego Aristófanes (Atenas, 446 a. C. – 386 a. C.).

Aliás, é na literatura que encontraremos os principais alertas sobre esses embriões revolucionários adentrando o imaginário coletivo. Na mesma linha, o francês Gustave Flaubert (Rouen, França, 12 de dezembro de 1821 d. C. – Croisset, Canteleu, França, 08 de maio de 1880 d. C.) denuncia – não sei se propositalmente – as distorções que começavam a afetar as mentes de mulheres jovens de sua época, e que hoje chamamos de “mentalidade da mulher moderna”. Esse brilhante escritor demonstrou isso em Madame Bovary.

Mas o que isso tem a ver com o tema deste artigo? Onde entra Portugal? Entrará agora!

Eurico, a Invasão e a Reconquista

Quem leu Eurico, o Presbítero, do escritor, jornalista e historiador Alexandre Herculano, talvez tenha facilidade em compreender este texto. Se você não leu, não se preocupe, pode ler o artigo até ao final, mas não deixe de se deleitar nessa obra.

Publicado em 1844 d. C., esse romance histórico aborda a invasão da Península Ibérica, no século VIII d. C., pelos muçulmanos, e a queda do Reino Visigodo.

Os invasores permaneceram na região até o século XV, quando houve a conquista do Emirado de Granada, em 1492 d. C. Esse período no qual os reinos cristãos lutaram pela independência da região, subjugada pelos muçulmanos, é nomeado de Reconquista. Assim, nasceram o Reino de Portugal e o Reino de Espanha.

Entre os reinos católicos surgidos durante a Reconquista, está o Condado Portucalense, no século IX d. C, que em 1097 d. C. é integrado ao Reino de Leão. Após muitas lutas, os condes portucalenses conseguem estabelecer um reino separado de Leão, aclamando a Dom Afonso Henriques de Borgonha como rei (1139 d. C.). A independência foi reconhecida em 1179 d. C., através da bula papal Manifestis Probatum.

No caso da Espanha, primeiro, o Reino de Castela – antes um condado de Leão -, foi unificado pelo Rei Fernando III, o Santo, em 1230 d. C. A agora Coroa de Castela permaneceu até a junção com o também reino católico de Aragão, em 1469 d. C. Originou-se a Espanha, que passou a ter soberano único só em 1516 d. C., mas abole a independência de Castela em 1715.

O fim do domínio muçulmano contou com o apoio mútuo entre os reinos cristãos, na Reconquista. O Condado Portucalense participou ativamente entre os séculos IX e X, ‘substituído’ no século XI pelo Condado de Portugal, depois, no século XIII, pelo Reino de Portugal. Para os portugueses, a Reconquista internamente acaba em 1249 d. C., com a conquista da cidade do Faro. Ainda impuseram uma derrota fundamental ao Império Merinida, com a conquista de Ceuta, em 1415.

O Modelo de Herculano!

Nessa obra, Herculano ‘cria’ o primeiro herói da literatura portuguesa. Primeiro, por antiguidade, pois o romance está ambientado séculos antes das grandes navegações portuguesas. Eurico é um modelo de valores e virtudes que facilmente encontramos nos grandes heróis portugueses da Reconquista e da Expansão Marítima.

As grandes navegações levaram a Palavra de Deus – o Evangelho – aos demais povos, buscaram a expansão comercial e iniciaram a Era dos Descobrimentos. Eurico, luta contra os invasores que ameaçavam a Igreja, o Reino e sua amada.

Porém, as semelhanças saltam aos olhos quando estudamos a história das lutas dos portugueses, principalmente seus nobres e fidalgos, contra os muçulmanos. As descrições, sejam na Reconquista, ou nas Índias Ocidentais, primeiro, com a tentativa de emboscada contra Vasco de Gama, depois, com as conquistas de Afonso de Albuquerque, demonstra em cada um desses combatentes portugueses a expressão dos valores e virtudes de Eurico.

A Fé, a honra, a justiça, a coragem e a ferocidade bem empregada, estão todas ali. Seja no próprio Afonso de Albuquerque travando uma batalha encurralado num rio, cercado por inimigos e em condições precárias, ou em Dom Manoel de Lacerda, vencendo os muçulmanos com uma flecha cravada no peito, e sobrevivendo para entregar a vitória ao Comandante [2].

Cada fidalgo que se batia com os inimigos, causando baixas consideravelmente maiores, faz lembrar o Cavaleiro Negro. Não era somente a recompensa financeira, por mais que tivesse seu peso, mas a obtenção da glória e a conquista do Céu. Era a proteção de sua Fé, tradições, costumes, leis etc. A prevenção perante antigos invasores.

Era Moderna

Estamos no século XXI d. C., e aparentemente os valores e virtudes que formam o espírito de Eurico estão ‘fora de moda’. As novíssimas relações internacionais servem às agendas revolucionárias globais, que almejam desintegrar as culturas nacionais, que dividem alicerces comuns – filosofia grega e valores cristãos -, mas possuem uma vida própria. O alvo primordial é o berço da Civilização Ocidental, a Europa.

A invasão desta vez não é só territorial, mas espiritual. Estão sob ameaça as almas dos povos europeus e as de seus descendentes. A abolição das fronteiras nacionais é mera formalidade para permitir a entrada indiscriminada de imigrantes indispostos a se comportarem conforme as leis dos países que os acolhem. Pior! Ingratos, clamam por privilégios que sequer os nacionais possuem, reclamam dos deveres e violam os direitos e liberdades dos povos.

Tudo fazem debaixo da proteção de traidores na política, na imprensa e nas instituições. Um problema que foi resolvido exclusivamente pela força, voltou pelas vias espiritual e cultural. Como Aristófanes e Flaubert, Herculano diagnosticou a degradação que se avizinhava. Não lhe deram olhos.

O Espírito de Eurico vive!

Todavia, há esperança no horizonte. Em toda a Europa, nenhum país possui uma organização tão preparada e alicerçada como em Portugal. Nem mesmo um herói de seu tempo, assim como o foi Eurico.

Na Espanha, há o VOX, um partido bem estruturado, com lideranças pensantes, enquanto na Itália, tudo depende da liderança de Matteo Salvini, no Liga Norte, e da popularidade de Giorgia Melloni, do Irmãos de Itália, e na França, o Reagrupamento Nacional (RN), de Marine Le Pen, mostra ser capaz de vencer nas eleições europeias, mas ainda não conseguiu sequer ser indispensável ao Governo no próprio país.

Somente em Portugal há uma força partidária que ultrapassou as barreiras da mera política, alcançando as camadas populares, com trabalho de base, uma juventude pujante e pulsante e um líder que encarna as virtudes dos antigos fidalgos… do herói Eurico. E que fez isso focando em pautas que a imprensa trata como impopulares (imigração descontrolada, segurança interna, apoio ao trabalho das polícias, respeito à cultura local, pró-vida etc.) e sem se vender a governos estrangeiros, como o da Rússia.

Uma força que mesmo se perdesse sua principal liderança, é capaz de encontrar alguém a altura em seus quadros. É o CHEGA!

O VOX tem crescido na mesma linha e conquistado vitórias importantes, podendo reeditar a ‘parceria de sucesso ‘ da Reconquista. E parece andar nesse caminho, após organizar um encontro das lideranças dos principais partidos de direita. Contudo, não conseguiu formar governo no próprio país, apesar da maior bancada parlamentar ser do aliado Partido Popular (PP).

Até o momento, o CHEGA tem se provado uma força capaz de sobreviver e revidar aos ataques, numa guerra assimétrica, contra todo um sistema de imprensa, artistas, políticos, mega empresários e organização internacionais, e forçar o governo a sentar consigo à mesa. E só o CHEGA tem quadros cuja maioria expressa as virtudes ‘fidalgas’ e um homem com a missão de Afonso de Albuquerque e as virtudes de Eurico, que é o André Ventura.

Claro, Ventura é um homem de seu tempo. Enquanto Albuquerque combatia inimigos com a força, Ventura o faz com as palavras, mas ambos se tem por semelhança a mentalidade de estrategistas. Enquanto Eurico usava a espada, Ventura usa os discursos inflamados e verdadeiros e a caneta parlamentar, mas ambos dividem a virtude da fortaleza.

Com o devido senso das proporções, André Ventura é o herói que Portugal tem e precisa; que abraçou a missão de salvar sua cultura, com a consciência do que isso significa e dos percalços. Não é um Deus, tampouco deve ser idolatrado, mas é justo que seja admirado e apoiado pelos portugueses e quaisquer outros povos ocidentais.

Entretanto, se fosse retirado à força dessa luta, há mais de um membro do partido com a capacidade de ascender à liderança e continuar o ótimo trabalho. Isso também não é visto no RN, na Liga Norte e no Irmãos de Itália.

Novamente, Portugal salvar-se-á da invasão, ajudará as forças emergentes da Península Ibérica e, desta vez, também da Europa Central, a libertarem o restante do continente.

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[1] O processo revolucionário é tratado por diversos historiadores, filósofos e escritores ao longo de séculos, porém, em seu sentido estritamente histórico, o emprego como o fez o historiador católico galês Christopher Dawson. Esse processo começa com Filipe IV, o Belo, se contrapondo ao poder atemporal da Igreja Católica, e encontra primeiro na Renascença Italiana – com a retomada de ideias e excesso de simbologia pagã -, depois na Reforma Protestante e, por fim, no Iluminismo, três forças motoras, ou seja, que o impulsionam através de revoluções – derrubada de todas as tradições, costumes e alicerces estabelecidos e sua substituição por antigas heresias e a nova Religião da Humanidade; sem Deus, mas com o Homem no centro de todas as coisas – até as formas ideológicas (liberalismo, comunismo, nazismo, fascismo etc), que corroem as bases da Civilização.

[2] Ver Crowley, Roger; Conquistadores, como Portugal forjou o primeiro império global, Ed. Crítica, 1ª edição, 2016.

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Para saber mais sobre o Instituto Visconde de Cairu – https://ivcairu.org/quem-somos/

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By ROBERTO LACERDA BARRICELLI

Jornalista, com 17 anos de experiência, escritor e editor de livros e revistas, com foco em história e literatura.

One thought on “De Eurico a Albuquerque – Portugal salvará a Europa”
  1. Parabéns pelo trabalho. Temos nós também grande interesse nos trabalhos de nossos antepassados, os quais vieram ao Brasil e o tornaram capaz de se movimentar. Agradeceríamos poder estarmos juntos com nossos patrícios no desenvolvimento cultural e social.
    Prior Muryllo Alvarenga – Ordem Templária Padre Anchieta
    @ordem.padreanchieta (Instagram)

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