Vagões Exclusivos: Por que a ‘segregação de gênero’ deveria tornar-se uma virtude?
Após diversos ataques contra mulheres no transporte público uma petição circula na internet na França pedindo a criação de vagões específicos reservados para mulheres. Assim como possivelmente para crianças, principalmente em trens suburbanos e metrôs. Ademais, já reuniu milhares de assinaturas. A iniciativa talvez pareça louvável: não trata-se de proteger os mais vulneráveis, como nos tempos em que a sociedade cuidava de viúvas e órfãos? Mas aqueles que promovem essa nova iniciativa, convencidos de encontrarema solução definitiva ao estupro e o assédio sexual, também são propensos a estigmatizar o homem. Portanto, estão determinados a ignorar as causas profundas do desconforto das passageiras.
A Petição
A petição lançada por iniciativa de uma passageira e dirigida à empresa que administra a rede de transportes da região de Paris, a Île-de-France Mobilités, após o anúncio de uma nova tentativa de estupro no trem regional RER em Val-de-Marne, na zona leste de Paris. Em poucos dias, já reuniu mais de 13.000 assinaturas, e o número continua a crescer.
Na internet, existem inúmeros depoimentos de jovens e mulheres que dizem não se sentir seguras no transporte público. “Quando estou em uma composição só com homens, fico em alerta e abaixo o volume da música. Simplesmente mantenho os olhos bem abertos, abaixo o volume da música e permaneço hipervigilante porque nunca se sabe”, diz a jovem Camille no RMC. Num vagão “apenas com homens” — será esse realmente o problema?
Vagões Exclusivos
Os defensores de vagões exclusivos para um único sexo gostam de salientar que o princípio já existe em outros países aparentemente civilizados, como o Japão, e que nunca se pode ser demasiado cauteloso na companhia de homens predadores. Mas esta desconfiança instintiva em relação à suposta masculinidade tóxica esconde, na verdade, um tipo diferente de cegueira: os agressores podem ser homens, mas são principalmente imigrantes.
A eurodeputada Marion Maréchal destaca este triste fato: “83% das vítimas de violência sexual nos transportes públicos da região da Île-de-France são francesas, enquanto 61% dos acusados desses crimes são estrangeiros. O problema não são os homens; o problema é a imigração em massa”.
À direita, várias vozes levantam-se para denunciar a aparente facilidade com que impõe-se a segregação sexual — porque é exatamente disso que trata-se. Ceder à opção conveniente de introduzir vagões exclusivos para um único sexo só proporcionará uma solução aparente e temporária, sem abordar a raiz do problema. Além disso, tal prática introduzirá uma discriminação sexual que é completamente contrária ao espírito francês e, de forma mais ampla, à civilização europeia.
Na França, como aponta Jean-Yves Le Gallou, fundador do think tank “Polemia”, a Lei Pleven proíbe todas as formas de discriminação — sejam religiosas, étnicas ou sexuais — desde 1972. Se vagões fossem reservados para pessoas brancas, como nos tempos da segregação ou do apartheid, a sociedade politicamente correta protestaria veementemente. Em nome de quê, uma forma de discriminação sexual, com vagões reservados para mulheres, deveria ressurgir e ser adornada com todas as virtudes?
Multiculturalismo e Agressões Sexuais contra Mulheres
Mas há algo mais sério. Os ataques contra mulheres são perpetrados principalmente por passageiros que são certamente homens, mas, sobretudo, provenientes de culturas que fizeram do desprezo pelas mulheres um princípio e do assédio sexual uma prática comum. Ao introduzir vagões reservados, a sociedade francesa acabaria, paradoxalmente, cedendo às exigências tácitas dessas comunidades, que veem as mulheres como oportunidades para o pecado que devem ser afastadas do olhar lascivo dos homens, como resume o influenciador Damien Rieu nesta fórmula cruelmente lacônica:
- Importar populações islâmicas em massa
- Exijam leis islâmicas para conter o comportamento incivilizado dessas populações.
Aparentemente, garantir a segurança dos vagões é apenas uma medida paliativa. A medida oferecerá um alívio temporário às mulheres, que poderão viajar com um pouco mais de tranquilidade. Mas, após duas ou três paradas, elas desembarcarão em uma plataforma onde o pesadelo poderá recomeçar. Será necessário segregar os corredores do metrô para prolongar essa “sensação de segurança”? De volta ao ar livre, as passageiras sentirão novamente o medo na rua, mesmo que políticos de esquerda bem-intencionados defendam calçadas mais largas e iluminação pública mais potente. Sendo assim, elas não temeriam mais voltar para casa. Para eles, a solução é sempre material, nunca humana e certamente não espiritual.
É verdade que o Talibã encontrou a solução definitiva. As mulheres não saem mais de casa. Dessa forma, podemos ter certeza de que elas estão realmente seguras. Esperemos que não precisemos recorrer a medidas tão extremas.
Publicado originalmente em The European Conservative, intitulado “Women-Only Carriages: A Fake Solution“. Traduzido por Roberto Lacerda Barricelli
