Poloneses vieram de todos os cantos do país para testemunhar o que muitos aqui chamam de “o início da reconstrução” com Nawrocki
Famílias com bandeiras, jovens segurando faixas feitas à mão, idosos envoltos em seus lenços vermelhos e brancos lotaram as ruas de Varsóvia. Pois queriam assistir à posse do presidente, o conservador Karol Nawrocki. A pé, de carro, em ônibus alugados por paróquias e associações locais, vieram de todos os cantos do país. Mas para testemunhar o que muitos aqui chamam, sem hesitação, de “o início da reconstrução”.
A Reconstrução Começa
Às dez horas, Karol Nawrocki prestou juramento como Presidente da República da Polônia perante a Assembleia Nacional, e sem drama moderno ou retórica vazia. Em torno do Sejm — o Parlamento polonês — a tensão entre as forças de segurança contrastava com a alegria do povo. “A Polônia não tem mais vergonha de ser ela mesma”, declarou uma mulher emocionada, enquanto hasteava a bandeira nacional.
Recitaram uma Oração do Senhor na Praça Piłsudski, na qual o novo presidente assumiria formalmente o comando das Forças Armadas. Em seguida, ouviu-se o canto: “Jeszcze Polska nie zginęła” (A Polônia ainda não está perdida), um rugido de identidade ecoando pelo coração da capital.
Um homem de meia-idade chamou de “milagre”, admitindo pouca esperança de ver mudança tão rápida num dos cargos-chave do país após anos progressistas de Tusk. Mas todos gritavam “Karol Nawrocki, presidente polonês” — uma rima que ressoa em polonês.
Uma mensagem clara: “Polônia em primeiro lugar”
Um discurso sóbrio do Presidente Nawrocki, firme e intransigente. Dirigiu-se aos seus apoiadores e aos que não votaram nele: “A nação exerce o poder supremo na República”, lembrou-os do pódio. Portanto, dando o tom para uma presidência focada na recuperação da soberania, dos valores e de fronteiras claramente definidas — tanto físicas quanto legais.
Menções à Constituição, Zloty, rejeição do euro ou oposição à imigração ilegal arrancava aplausos da multidão assistindo em telões na Praça das Três Cruzes. Nawrocki jurou lealdade ao Plano 21, seu programa de governo, e anunciou objetivo de transformar o Exército na força principal no flanco leste da OTAN. A delegação americana — liderada por Kelly Loeffler, enviada de Donald Trump — não perdeu uma palavra. Conquanto, dadas as atuais tensões na Europa e com a Rússia, a Polônia posiciona-se entre os países geopoliticamente mais vitais do continente.
Após a cerimônia, o presidente caminhou da Praça Piłsudski ao Palácio Presidencial, sob cânticos de “Karol! Karol!” e “Polska jest nasza!” (A Polônia é nossa). Aliás, havia uma energia perceptível na cidade — e uma sensação de esperança cautelosa.
Uma nação que anseia por reconciliação consigo mesma
Ao longo do dia, Varsóvia transformou-se num mosaico de emoções há muito reprimidas. A Marcha Branca e Vermelha reuniu mais de cem mil pessoas numa demonstração de civilidade e esperança inimaginável há alguns meses.
Ao cair da noite, os últimos grupos de cidadãos permaneciam cantando do lado de fora do Palácio Presidencial. Uma mãe, com o filho no colo, apareceu para explicar que aquele prédio voltava a também lhes pertencer – demonstração de orgulho pelos símbolos nacionais. Num canto próximo, um padre conduziu uma oração improvisada pela Polônia, acompanhada por muitos outros.
A cidade, isolada em pontos-chave pela polícia, vibrava com uma mistura de sirenes oficiais e canções populares. Ademais, os sinos da Catedral de São João soaram após a missa matinal. Porém, ninguém falava em vingança; todos falavam em um novo começo. Todavia, resta saber se será possível sob o controle exercido por Tusk e von der Leyen.
Coalizão de Tusk na posse de Nawrocki
A coalizão de Donald Tusk compareceu à posse em silêncio e suas expressões refletiam não só uma derrota política. Mas o reconhecimento de uma era em transformação. Pois por quase dois anos, seu governo prejudicou as relações com a Igreja, os militares, o judiciário e as famílias polonesas, e Nawrocki sabe disso. Entretanto, embora prometeu diálogo, também traçou uma linha vermelha firme: “A Polônia deve retornar ao Estado de Direito. Portanto, os juízes devem servir à República, não às próprias agendas.”
O que está em jogo agora não é só a presidência, mas uma visão da nação lutando para manter-se firme numa Europa em ruínas.
Artigo publicado originalmente em European Conservative, sob o título “Nawrocki’s Poland: By the People, For the People, With the Help of God“. Traduzido por Roberto Lacerda Barricelli. Título adaptado.