ENTREVISTA | LAUREN SMITH: O Jornalismo em Defesa da Verdade

Entrevista com Lauren Smith, a jornalista mais combativa da Europa e colunista do principal veículo de comunicação conservador do mundo, o European Conservative

A jornalista Lauren Smith, colunista no The European Conservative, honrou o Instituto Visconde de Cairu concedendo esta entrevista. Com seu perfil combativo, ético e realista, respondeu sem frescuras às nossas perguntas sobre os problemas que assolam o Ocidente. Assim como contou-nos sobre sua trajetória e a importância da Liberdade de Expressão, assustadoramente ameaçada em todo o mundo. Mas ainda mais na berlinda em sua terra, o Reino Unido. Esperamos que o público brasileiro aprecie tanto ler esta entrevista quanto nós apreciamos realizá-la.

Lauren Smith: A Jornalista

Muito obrigado por nos honrar com esta entrevista, Srta. Lauren Smith. Acompanhamos o seu trabalho há alguns bons meses, qundo começamos a traduzir artigos do The European Conservative (TEC). Como sua jornada de jornalista e colunista começou?

Na verdade, eu jamais tive a intenção de tornar-me jornalista. Eu estudei “Política” e “Alemão” na Universidade e era politicamente muito ativa quando adolescente e ua jovem adulta. Defender a liberdade de expressão desde sempre é particularmente importante para mim. Mas não tinha certeza de qual carreira eu queria seguir quando me formei. Ademais, jamais olhei especificamente para o jornalismo.

Mas eu sabia que queria fazer algo relacionado ao meu interesse em política e minha crença de que havia algo profundamente errado na sociedade. Independende do que eu fizesse, não comprometeria minhas crenças. E recebi a benção incrível de ter a oportunidade de estagiar numa grande revista chamada Spiked, aqui em Londres. Portanto, aprendi muito sobre como escrever bem e fazer um jornalismo honesto com as pessoas de lá. Sendo assim, mesmo que tenha acabado trabalhando no jornalismo por acidente, fico feliz que aconteceu dessa forma. Não me imagino fazendo qualquer outra coisa.

Temas ‘Sensíveis’

Percebemos que seus artigos são muito objetivos e focados em temas considerados ‘sensíveis’, por exemplo, migração, multiculturalismo e liberdade de expressão. Porque essas escolhas?

Francamente, são temas que tradicionalmente a grande mídia tem medo de abordar. Mas também as questões que mais importam às pessoas comuns. Em particular, a migração é uma das principais prioridades dos eleitores aqui no Reino Unido. Assim como praticamente em todos os demais países da Europa Ocidental. Até muito recentemente era totalmente tabu perguntar se a migração massiva mostrou-se um erro e sugerir que levássemos o controle de fronteiras mais a sério. Felizmente, agora isso começou a mudar.

Mas algo como a Liberdade de Expressão é ua questão um pouco diferente. Não é algo com o qual muitas das pessoas comuns refletem com muita frequência – claro, até que seja-lhes tirada. Porém, como nos acostumamos a considerá-la garantida, tornou-se mais importante ainda que continuemos construindo e reformulando argumentos favoráveis das liberdades fundamentais. Que são a pedra angular da nossa civilização.

Sobre a Liberdade Digital

Os progressistas brasileiros acabaram de importar a Lei de Segurança Online, usando a mesma tática de “proteção à criança”. Quais são os danos atuais no Reino Unido?

Até agora, a Lei de Segurança Online aqui no Reino Unido tornou muitos sites inutilizáveis. Muitos completamente, porque é muito difícil ou caro implementarem as verificações de idade. E e não querem ser multados até a falência por violar as regras. Aliás, muitos desses sites sequer hospedam pornografia ou conteúdo prejudicial, que a lei deveria visar. Mas também as regras de verificação de idade impediram o compartilhar discursos de parlamentares e artigos da grande mídia nas redes sociais. A lei também resultou no fechamento de fórum dedicado a donos de hamsters compartilharem dicas sobre como cuidar desses animais de estimação. Portanto, é completamente absurdo.

Um dos maiores problemas com a Lei de Segurança Online é que é quase impossível se opor publicamente a ela, porque baseia-se na ideia de “proteger crianças”. Obviamente, ela envolve muito mais do que isso — e nem mesmo protege as crianças muito bem. Pois os adolescentes mostraram-se mais espertos do que os adultos quando trata-se da internet desde que ela existe. Mas se você ousar criticar essa lei como autoritária ou simplesmente estúpida, as pessoas acusar-lhe-ão de estar do lado dos pedófilos. Conquanto isso aconteceu com Nigel Farage, líder do nosso partido populista de direita, o Reform UK.

Por aqui, parece que a batalha acabou. As pessoas não parecem mais interessadas em debater a liberdade na internet. Pois se você falar sobre isso, todos presumirão que é obcecado por pornografia ou quer fazer coisas ruins online.

Lauren Smith e o jornalismo combativo

Srta. Lauren Smith, sendo jornalista com perfil combativo, teme tornar-se alvo de ataques e censura? Ou já passou por isso em algum momento?

Felizmente, nada assim aconteceu comigo. Mas estou sempre ciente de que, se alguém reclamar e me denunciar à polícia, posso facilmente tornar-me alvo d’uma batida na porta, por causa d’algum dos artigos que escrevo. No Reino Unido, prenderam e interrogaram pessoas por dizerem coisas tão básicas como “homens não podem se tornar mulheres”. O clima é realmente tenso e bastante assustador. Tenho amigos – que não são jornalistas – que meteram-se em encrenca por recusarem-se a participar de treinamentos de DEI no trabalho. Você pode até acabar num banco de dados por cometer um “incidente de ódio não criminal” sem nem perceber.

Uma das coisas que torna isso tão assustador é o quão imprevisível é. Pois você tem a sensação de que a própria polícia não entende realmente como a lei funciona. Por conseguinte, parece totalmente aleatório quem é preso e quem não é. Mas isso ocorre principalmente porque a lei de “discurso de ódio” funciona com base na denúncia de pessoas. Afinal, basta uma pessoa ofender-se com algo que você escreve, e podem levar você algemado e interrogado. Felizmente, a polícia arquiva a maioria desses casos. Porque, claro, jamais sustentariam-se no tribunal. Mas a ameaça está sempre lá.

Jornalismo ‘Realista’ e Honesto

Quão importante é o jornalismo realista e honesto, como o que você pratica no TEC, especialmente no atual momento do Ocidente?

Mesmo com os partidos de direita começando a ganhar eleições em grande parte da Europa, a esquerda ainda domina a grande mídia. Portanto, minimizarão ou ignorarão completamente muitas histórias, por não encaixarem-se na narrativa progressista.

Quando trata-se de jornalismo “realista”, é vital que não ignoremos as realidades vividas pelas pessoas. Por exemplo, como faz a mídia de esquerda há tanto tempo. Todos podem ver com os próprios olhos que seus bairros tornaram-se menos seguros. Assim como a infraestrutura nacional e local degradou-se e a migração em massa causa impacto real e tangível em suas comunidades. É importante reconhecer isso, em vez de inventar desculpas e justificativas.

Um bom exemplo disso é o escândalo das gangues de aliciamento aqui no Reino Unido. Há décadas é de conhecimento geral que grupos compostos principalmente por muçulmanos paquistaneses traficavam, estupravam e abusavam de meninas brancas da classe trabalhadora. Mas também que acontecia em praticamente todas as grandes cidades do país, sendo impossível evitar. Contudo, até muito recentemente, a mídia recusava-se a noticiar o escândalo ou repreendia qualquer que ousasse mencioná-lo como racista ou islamofóbico. Os únicos jornalistas que finalmente conseguiram manifestar-se sobre esses crimes horríveis foram aqueles que recusaram-se a se importar em chamarem-lhes de intolerantes. Porque sabiam que não era realmente odioso chamar a atenção para isso. O maior desafio do jornalismo realista hoje é a capacidade de dizer a verdade e não importar-se de chamarem-lhe de nomes desagradáveis ​​por isso.

Principal Ameaça segundo Lauren Smith

Com base na sua experiência, qual é a principal ameaça atual ao jornalismo profissional e ético?

Na minha resposta anterior, falei sobre as pessoas terem medo de dizer a verdade, caso sejam acusadas de odiosas ou intolerantes. Isso ainda é um grande problema. Mas, além disso, a inteligência artificial é, sem dúvida, uma das ameaças mais urgentes ao jornalismo hoje. A IA é uma ótima ferramenta e pode fazer coisas realmente incríveis. Porém, confiar demais nela corrói sua criatividade e capacidade de pensar criticamente. Você vê isso o tempo todo nas mídias sociais.

As pessoas simplesmente aceitam tudo o que veem pelo valor de face, mesmo quando não há sentido. Ademais, vale tanto para a esquerda quanto para a direita. Pois todos nós deveríamos refletir mais sobre o que vemos online, especialmente quando confirma claramente os nossos preconceitos.

Recado ao Brasil

Pode enviar uma mensagem aos seus leitores brasileiros?

Estou surpresa e satisfeita que as questões sobre as quais escrevo – que muitas vezes parecem específicas do Reino Unido e da Europa – repercutiram em pessoas tão distantes. No fim das contas, travamos muitas das mesmas batalhas e enfrentamos muitas das mesmas questões. Pois nossas democracias, liberdades e modos de vida estão ameaçados por tantas frentes diferentes. Portanto, a verdade é a nossa melhor arma contra isso.

Novamente, agradecemos muito a Lauren Smith por conceder esta entrevista. Assim como desejamos que Deus lhe abençoe e proteja sempre.

Sigam Lauren Smith no X: @wavghian



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