A Teoria Crítica da Raça (TCR) ainda existe, disfarçada dentro da ‘justiça social’, mas buscando a destruição da Civilização Ocidental
Os relatos de que a Teoria Crítica da Raça acabou são muito exagerados. A TCR ainda existe, embora tão desacreditada desde que alguns estados tomaram medidas para proibi-la. Por cnseguinte, poucos ativistas da justiça social, se é que algum, admitem ser teóricos críticos da raça. Pois, sabem que autodenominar-se “teórico crítico da raça” não é bem visto. Portanto, muitas vezes negam até a existência da TCR. Isso os torna mais perigosos, porque continuam promovendo os princípios destrutivos da Teoria Crítica da Raça disfarçados de justiça social. Portanto, é útil considerar com mais detalhes o que entende-se quando descreve-se um argumento como TCR.
Análise Útil
Jeffrey J. Pyle oferece uma análise útil em seu artigo “Raça, Igualdade e o Estado de Direito: O Ataque da Teoria Crítica da Raça às Promessas do Liberalismo”, publicado na Boston College Law Review. Para contextualizar, como os leitores esperam d’uma revista jurídica de Boston, o autor demonstra ampla simpatia pelos objetivos da Teoria Crítica da Raça. Mas acredita que fracassou porque, em vez de alinhar-se aos princípios do liberalismo, ataca os fundamentos do próprio liberalismo.
Pyle acredita que os “críticos da raça”, como os chama, erraram ao serem tão irracionais que até seus amigos liberais, que simpatizam com eles, relutam em ajudá-los. Ele reclama que os excessos dos críticos da raça “alienam brancos potencialmente prestativos”. Ademais, acrescenta que “minha discordância com os críticos da raça tem menos a ver com seus objetivos de longo prazo do que com seus diagnósticos e soluções”. Se evitassem esses erros, teriam mais aliados brancos. Assim, como refletido no título, seu principal objetivo é defender o liberalismo do ataque da Teoria Crítica da Raça.
Contudo, a “crítica” jamais construiu nada, e o liberalismo, apesar de suas deficiências, é ao menos construtivo. Pois fornece princípios amplamente aceitos e razoavelmente bem definidos aos quais os defensores políticos recorrem de maneiras que transcendem o poder bruto, com pelo menos alguma esperança de sucesso gradual. A teoria crítica da raça “desconstruiria” essa tradição imperfeita, mas não oferece algo em seu lugar.
Tendo esse contexto em mente, a análise de Pyle é, ainda assim, muito útil para identificar a Teoria Crítica da Raça (TCR). Para sermos claros, o objetivo aqui, ao recorrer à sua análise, não é “desmascarar” ou “debater” a TCR, mas sim delinear seus principais atributos para identificar uma crítica racial quando você se deparar com uma.
Subordinação Racial
Em primeiro lugar, a Teoria Crítica da Raça (CRT) sempre se preocupa com alguma forma de “subordinação racial”. A principal culpa pela subordinação não é atribuída a ninguém em particular, mas, sim, ao que frequentemente descreve-se como instituições, sistemas ou estruturas.
A Teoria Crítica da Raça não atribui o racismo a pessoas brancas como indivíduos, nem mesmo a grupos inteiros de pessoas. Em termos simples, a teoria crítica da raça afirma que as instituições sociais dos EUA (por exemplo, o sistema de justiça criminal, o sistema educacional, o mercado de trabalho, o mercado imobiliário e o sistema de saúde) estão permeadas por racismo incorporado em leis, regulamentos, regras e procedimentos que levam a resultados diferenciados por raça.
Como Pyle explica, os críticos da raça acreditam que o racismo “está no cerne da cultura americana – e ocidental”. O racismo é generalizado e imutável, e “todos são ou ‘forasteiros’ ou ‘membros’, ‘vítimas’ ou ‘perpetradores’” do racismo. E não necessariamente por algo que tenham pensado, dito ou feito. Mas com base no status que ocupam no sistema. Os críticos da raça “enxergam a sociedade americana como um conflito de soma zero entre homens brancos poderosos e minorias impotentes”. Como sabem disso? Bem, o conhecimento é “socialmente construído”, então sabem disso por construírem uma teoria que o explica.
Negação da Análise Objetiva
Como o conhecimento deles deriva da teoria e não da observação empírica, a veracidade de seus princípios não depende de nenhuma evidência ou prova objetiva. Eles acreditam que todo conhecimento é “inerentemente subjetivo, contingente e imune à avaliação objetiva”. Além disso, todo o conhecimento derivado da aplicação de tal teoria é “autobiográfico e baseado em grupo”. Os críticos raciais veem a “avaliação objetiva” como mera preferência subjetiva de pessoas brancas ou — se realizada por pessoas negras — como a preferência subjetiva da face negra da supremacia branca, refletida na figura infame do “Tio Tom”. Por exemplo, Derrick Bell descreve Clarence Thomas, em seu artigo “Realismo Racial”, da seguinte forma:
A nomeação do Juiz Clarence Thomas para a Suprema Corte, como substituto do ex-Juiz Thurgood Marshall, provavelmente agravará a já severa injustiça sofrida pelos defensores dos direitos civis. Essa escolha é particularmente cruel. Porque a nomeação d’um negro como Clarence Thomas reproduz a prática dos senhores de escravos de promover a cargos de capataz e outras posições de poder ilegítimo aqueles escravos dispostos a imitar seus pontos de vista. Assim como a cumprir ordens e, com sua presença, conferir uma perversa legitimidade à opressão que eles próprios apoiavam e aprovavam.
Se não existe análise objetiva, o que acontece quando o conhecimento subjetivo de uma pessoa encontra o de outra? Nesse caso, o papel do juiz é simplesmente identificar quem representa o grupo “perpetrador”. Como todo conhecimento baseia-se em identidade, se alguém d’um grupo opressor (ou um Tio Tom) desafia qualquer argumento d’uma pessoa “oprimida”, equivale a ataque à identidade do oprimido. Como Pyle explica, “Questionar a compreensão da realidade pelos críticos raciais, então, não é apenas desrespeitoso, é opressivo”. Ou seja, discordar dos críticos raciais é sempre “profundamente racista”.
Supremacia Branca
O segundo indicador-chave da Teoria Crítica da Raça é o papel desempenhado pela “supremacia branca” na explicação de todos os problemas políticos, sociais e econômicos. Como observou Lew Rockwell, a teoria marxista “da infraestrutura, ou base, e das super-estruturas da sociedade”, incorporou-se de forma flexível à Teoria Crítica da Raça. Mas para explicar o papel da supremacia branca na opressão racial.
A teoria crítica da raça sobre a “supremacia branca inerente à cultura” é praticamente a mesma. Isto é, a base para os teóricos são as relações raciais. Teóricos que acreditam que a classe branca opressora construiu a sociedade para necessariamente manter uma dinâmica de poder sobre as classes não brancas. Conquistas políticas, por mais que beneficiem as minorias raciais, pertencem à superestrutura. Portanto, são uma espécie de escudo protetor sobre a verdadeira dinâmica social.
Pyle destaca que mesmo a “cegueira racial” de Martin Luther King é “racista” na Teoria Crítica da Raça (TCR), pois participa dessa poderosa superestrutura da “supremacia branca”. A TCR é uma teoria explicitamente coletivista que sustenta que “só podemos alcançar a verdadeira liberdade coletivamente, por meio da autodeterminação do grupo”. Sendo assim, entende a liberdade e a justiça como o desmantelamento da supremacia branca.
Liberdade de Expressão na Teoria Crítica da Raça
De forma semelhante, a TCR aborda a regulação da liberdade de expressão como questão de restringir a supremacia branca. Pois o discurso dos opressores “não é discurso, mas ‘conduta’ que ‘constrói a realidade social que restringe a liberdade dos não brancos por causa de sua raça’”. O mérito, igualmente, é “apenas mais um meio cultural e racialmente contingente pelo qual os brancos replicam sua própria hegemonia”. O racismo negro é maligno porque “não liga-se à dominação estrutural de outro grupo”. Logo, a liberdade de expressão absoluta aplica-se aos negros. Quando os negros falam, toda fala é livre. Quando os brancos falam, isso é supremacia branca, que é “conduta prejudicial”.
Os críticos raciais também não podem ser acusados de hipocrisia ou de usar dois pesos e duas medidas. Pois, segundo eles, os padrões aplicados a negros e brancos não devem ser os mesmos, em primeiro lugar. De fato, a ideia de que a lei deve variar com base na identidade racial é central para a Teoria Crítica da Raça. Chegamos a um impasse em que o debate racional é impossível, porque a própria racionalidade é “supremacia branca”.
Impasse da Teoria Crítica da Raça
Como resolver esse impasse? Pyle explica que os críticos da questão racial acreditam que o problema é insolúvel: “Para os críticos da questão racial, o racismo é onipresente e onipotente. E nada podemos fazer”. Porém, de qualquer forma, o racismo é frequentemente inconsciente e invisível, enraizado nos sistemas e estruturas vigentes. Portanto, o que não podemos ver não podemos resolver. Todo o possível é responsabilizar os agressores pelas consequências de seus atos:
“Portanto, os juízes não devem questionar se o agressor tinha motivações racistas. Mas, sim, se concentrar no dano causado à suposta vítima”.
Como a culpa e a responsabilidade moral são coletivas, o indivíduo que discorda desse resultado, mesmo ocasionalmente, d’um grupo oprimido, torna-se irrelevante para determinar o interesse do grupo. Dada a ênfase da Teoria Crítica da Raça (TCR) em ser “crítica” e a insistência de que não há soluções para o racismo. A TCR é, acima de tudo, uma ideologia destrutiva. Por conseguinte, tudo o que busca é “criticar” o sistema, apontar os danos às raças que favorece e desmantelar a civilização ocidental.
Publicado originalmente no Mises Wire, do Mises Institute, intitulado “How to Recognize Critical Race Theory“. Traduzido por Roberto Lacerda Barricelli.

 
                                     
                                     
                                     
                                     
                
 
                                 
                                 
                                 
                             
                             
                             
                                            