A Nova Esquerda, do futuro, está mais próxima da direita, pois é ‘religiosa’, tem responsabilidade econômica e não é identitária
A decadência da agenda identitária é mais ou menos evidente para algumas pessoas. E já discutiu-se neste site sobre a decadência do movimento woke. Porém, é relevante dar atenção para o porquê de a percepção não ser tão evidente e à nova esquerda do futuro.
Filmes e jogos possuem um tempo de produção bem mais longo do que muitas pessoas estimam. Ademais, o resultado é que jogos e filmes concebidos durante o primeiro mandato de Trump são publicizados agora. Sim. “Publicizados”. Pois nem todos são publicados.
Alguns só são apresentados ao público com ou sem a data de lançamento. Para citar um exemplo, o título Intergalactic, revelado pela Naughty Dog no último The Game Awards, em desenvolvimento desde 2020. Sendo que o primeiro mandato de Trump terminou em janeiro de 2021.
E pela imagem da protagonista, muitos podem imaginar que trata-se de um jogo que, se não é, ao menos era acusado de ser woke. E, com as informações disponíveis, realmente não é possível saber se é.
De volta a Alan Wake 2
Num esforço para resgatar “mulheres fortes”, além de reescrever a Bíblia, muitos autores voltaram-se aos textos pagãos. Mas, claro, também não podemos ignorar a polêmica de Assassins Creed Valhalla colocando o sexo da protagonista como feminino no cânon. Ou seja, a versão oficial é que uma mulher liderou um grupo viking para invadir a Inglaterra.
Não se trata de machismo, trata-se de considerar que, historicamente, não é crível. Se é factível é outra discussão. Todavia, Alan Wake 2 resolve o problema colocando a protagonista como descendente de bruxas e bruxos. Os detalhes agora escapam, mas a ideia é possível de perceber.
Porém, isso vai para a Inquisição. Afinal, Alan Wake 2 adiciona a possibilidade de grupos de direita usarem a frase “somos as filhas das bruxas que vocês não queimaram”. E isso sem esquecer que a Inquisição não é nada do que acusam ela de ser. O fato é tão público que até um canal do YouTube que faz análise histórica de filmes “históricos” comentou o assunto com indignação.
A Nova Esquerda está à Direita
Isso faz o retorno ao título. Não porque se quer dizer o que ele diz, mas porque já adianta-se a acusação que surgirá em breve entre os grupos de direita. Já parece surgir, inclusive.
A esquerda reinventa-se e assume uma postura de maior responsabilidade fiscal. O Brasil ainda esperará uns 15 anos para terminar de ver o ciclo, atrasado que o país é. Porém, já vê-se uma direita nacionalista e contra a globalização; ao menos, descrevem-se assim. Quem estará, no futuro, à direita ou à esquerda nos debates será uma outra questão.
Fato é que a esquerda do futuro está mais próxima da direita. Ela é religiosa, tem responsabilidade econômica e não é identitária. O termo mais adequado seria dizer que ela é “culturalista”, porque gosta de defender culturas, assumindo a religião como uma expressão cultural.
Na prática, não é muito diferente do que muitos à direita hoje já fazem com a ideia de uma liberdade religiosa irrestrita. A diferença fundamental é faltar pouco para surgirem os que defenderão a legalização de religiões com sacrifícios humanos.
Se esses “liberais” colocar-se-ão à direita ou à esquerda (ainda que extrema), ou acabarão no manicômi, é algo que a opinião pública ainda julgará.