Se as jogadoras da WNBA receberem o que realmente lhes é devido… Se surpreenderão com a quantidade de zeros à esquerda em seu ‘saldo’
Mais de 16.000 pessoas compareceram ao jogo All-Star da WNBA em 19 de julho. Mas a grande notícia não destacou que o Team Collier derrotou o Team Clark pelo placar grotesco de 151 a 131. Nem mesmo que este seja o jogo All-Star da WNBA com maior público da história da liga. Em vez disso, a grande notícia destacou que as jogadoras, antes do jogo, usaram camisetas com uma exigência à liga: “Paguem-nos o que nos devem”.
Jogadoras querem o que lhes é Devido?
No mês passado, questionei as alegações de que as jogadoras da WNBA eram mal pagas. Pois apontei — usando a análise econômica da Escola Austríaca de Economia — para a falta de lucratividade da liga. Portanto, a noção de que as jogadoras sofrem uma “injustiça econômica” é ridícula. Outros, como o colunista esportivo Skip Bayless, apontaram que a chegada de Caitlin Clark é a única razão pela qual a WNBA cresceu e gerou a demanda por salários mais altos. Algo que o restante da liga não estava disposto a admitir.
Embora se fale do crescimento da WNBA em fãs e vendas de produtos com a chegada de Clark no ano passado, é necessário colocar os números em perspectiva. Por exemplo, a WNBA assinou recentemente um contrato de direitos de transmissão de 11 anos e US$ 2,2 bilhões. Assinaram a Disney, a Amazon Prime Vídeo e a nova detentora dos direitos, a NBC Universal. Entretanto, esse valor pode chegar a cerca de US$ 3 bilhões com outras parcerias de mídia, como os acordos atuais com a ION e a CBS.
No entanto, esse número precisa ser colocado em perspectiva. A NBA assinou recentemente um acordo de 11 anos e US$ 76 bilhões. Ou seja, a Disney (ABC e ESPN), a Comcast (NBA e Peacock) e a Amazon transmitirão os jogos da NBA durante a temporada 2035-36. Como se pode ver, o acordo da WNBA é impressionante considerando a situação da liga. Mas representa menos de 3% do valor do acordo da NBA.
Comparações são justas?
Atualmente, o salário-base médio da WNBA é de US$ 102.249. Enquanto o salário médio da NBA é de US$ 11.910.649. Na NBA, a participação dos jogadores na receita da liga está entre 49% e 51%. Todavia, na WNBA, a participação das jogadoras na receita da liga é de 9,3%. Portanto, por uma conta simples, as jogadoras da WNBA reivindicam a mesma porcentagem de receita que seus colegas homens. Ou seja, o que lhes é “devido”.
No entanto, há um problema com esses cálculos. A estimativa mais recente para a receita da WNBA é de US$ 200 milhões. Enquanto, há dois anos, a receita da NBA ultrapassou US$ 11 bilhões. Ambas as ligas têm despesas que vão muito além dos salários de jogadores. Ademais, mesmo com a popularidade recém-descoberta da WNBA, a liga perdeu US$ 40 milhões no ano passado. Economicamente falando, a WNBA não produz riqueza, mas sim a destrói.
Isso não é uma ocorrência irregular. Mas sim uma característica padrão da WNBA desde sua fundação em 1997. Se fosse um negócio comum, teria falido anos atrás. Porém, se mantém viva em grande parte graças aos subsídios da NBA, que detém 42% da liga. Dado que esse acordo perdura há 28 anos, é duvidoso que a NBA o abandone tão cedo. Mas, embora as jogadoras da WNBA exijam mais “divisão de receita”, ignoram o fato de que as receitas não são o que importa; os lucros sim. Se pagassem as jogadoras com 50% da receita, como exigem, os prejuízos da liga aumentariam significativamente. Aliás, o suficiente para assustar potenciais investidores e possivelmente a própria NBA.
Lucratividade das Jogadoras e Diferença Salarial
Por que a WNBA perde dinheiro sendo que os salários representam menos de 10% da receita? Por que a NBA é lucrativa mesmo quando metade de sua receita é gasta com os jogadores? A resposta simples é que a NBA tem mais de US$ 5 bilhões para pagar suas outras despesas. Entretanto, a WNBA teria apenas cerca de US$ 100 milhões às outras despesas, se a liderança da liga cedesse às demandas das jogadoras.
Como observei em meu artigo de junho, a economista vencedora do Nobel, Claudia Goldin escreveu em um artigo de opinião no New York Times que “nada justifica essa extraordinária disparidade salarial”. Ou seja, entre os jogadores da NBA e as jogadoras da WNBA. Seu raciocínio, no entanto, não se baseou nas receitas geradas. Mas numa fórmula criada por ela, que analisa a audiência televisiva dos jogos da liga. Todavia, segundo ela, fixaria o salário “justificado” da WNBA em cerca de “aproximadamente um quarto a um terço do salário médio da NBA, para alcançar a equidade salarial”.
Goldin pensava como uma acadêmica feminista, não como uma economista. Os salários são pagos com recursos reais, não com fórmulas abstratas. Ela, assim como muitas jogadoras e torcedoras da liga, acredita que tudo o que é necessário é que a diretoria da WNBA aumente significativamente os salários. E que o dinheiro necessário “virá de algum lugar”. O analista esportivo e apresentador de talk show Pat McAfee reflete esse pensamento:
“Se já estamos perdendo US$ 40 milhões, vocês não poderiam simplesmente aumentar [os salários dos jogadores] para pelo menos seis dígitos?”, disse McAfee. “US$ 70.000 como salário é muito… é uma vergonha. Principalmente para Caitlin Clark e todas essas pessoas no esporte profissional.”
Considerando o tempo de existência da WNBA, dizer que o prejuízo de US$ 40 milhões é o motivo pelo qual você não pode dar dinheiro a elas deveria ser bem fácil de fazer acontecer. Se você simplesmente adicionar US$ 30.000 a cada um deles, esse valor sobe para mais de US$ 100.000. Isso dá mais uns US$ 4,6 milhões, então você tem US$ 44,6 milhões assim. Tem que haver US$ 4 milhões que você possa encontrar em algum lugar aqui que você possa abrir mão para dar às jogadoras pelo menos um pouco mais de dinheiro.
Ódio em Quadra
No entanto, como apontou o jornalista esportivo Skip Bayless, quando Caitlin Clark chegou à WNBA no ano passado, quase como uma força da natureza, impulsionou enormemente o interesse dos fãs pela liga. Porém, a reação da maioria das jogadoras beirava a violência. Pois Clark enfrentava faltas duras, agressões físicas e outros sinais de desrespeito. Afinal, as jogadoras simplesmente não conseguiam aceitar a presença d’uma superestrela branca e sexualmente heterossexual.
Embora as jogadoras possam ser atletas de basquete sérias — e as seleções femininas de basquete dos Estados Unidos dominaram os Jogos Olímpicos recentes. Todavia, elas claramente não levam a sério o que precisa ser feito para melhorar suas perspectivas salariais. Como já escrevi, a WNBA deve sua existência e longevidade às políticas de sexo e raça. Mesmo com o aumento do interesse na liga após a chegada de Caitlin Clark. Pois suas perspectivas de lucratividade a longo prazo provavelmente não são boas.
O fato é que os principais dirigentes da liga não demonstraram desejo de proteger Clark de agressões físicas em quadra. Logo, demonstram que realmente não levam a sério a ideia de tornar a WNBA algo mais do que atualmente. Ou seja, numa instituição de caridade que mantém as jogadoras de basquete empregadas neste país. Enquanto isso, economicamente falando, caso as jogadoras da WNBA recebam seu produto marginal de valor com desconto para a WNBA, descobrirão que esse número é zero.
Artigo publicado originalmente no Mises Institute, sob o título “Do WNBA Players Really Want to Be Paid What They Are Owed?“. Traduzido por Samara Barricelli.