O incêndio na floresta como metáfora para o mundo corporativo e os ciclos empresariais comuns à economia
Muitos devem conhecer a metáfora capitalista do incêndio na floresta, onde uma floresta pega fogo para que novas árvores possam nascer. E, no caso, a metáfora troca “árvores” por empresas. Deste modo, a metáfora quer dizer que, de tempos em tempos, há necessidade de uma crise que mate as empresas velhas e ineficientes para que novas possam surgir.
Evidente que a metáfora ignora que, por exemplo, a Amazônia praticamente não queima, tamanha é a umidade na região. Além disso, no caso do Cerrado, incêndios fazem parte do ciclo natural e podem ser agravados ou amenizados pela ação humana.
O que, na prática, significa dizer que a metáfora do incêndio da floresta tem os seus limites e, não raro, quer disfarçar alguma outra coisa em operação. Porém, é útil analisar ela em operação.
Incêndio no Banco do Brasil

Na última semana, o Banco do Brasil perdeu R$ 7,7 bilhões em único dia. Porém, a perda é catastrófica para os que tiverem memória, é fácil lembrar duas ocasiões de baixa: Governo Dilma e Covid-19. E como o gráfico mostra, houve recuperação após as duas baixas. Numa delas, ele chegou a valer o dobro. E, considere-se o intervalo de menos de 4 anos. Qual investimento gera 100% do valor neste tempo?
Para ser preciso na comparação, em 15 de janeiro de 2016, as ações valiam R$ 6,52. Em 12 de julho de 2019, valiam R$ 26,00. O valor delas praticamente quadruplicou em menos de 4 anos. E o impeachment de Dilma ocorreu em 31 de agosto de 2016, para os que não lembram.
Lição de Taleb
Crises são oportunidades. E onde um vê crise, outro pode ver oportunidade. Inclusive, com um lucro tão grande sendo possível, será que ninguém mais percebe que criar uma crise pode ser um ótimo negócio? Ninguém? Bom, não que alguém levante a mão com coragem.
O fato é que as baixas sempre podem ser interpretadas com essa duplicidade. Por exemplo, a Intel, que alcançou o menor valor em 16 anos, ouviu Jim Keller sair em sua defesa e afirmar que a empresa ainda tem valor.
Claro que alguns que defendem empresas em crise possuem os próprios investimentos em jogo. Porém, nem todos estão lá só por estar. Muitos realmente avaliam o negócio que uma empresa pode ser. Inclusive, todo modelo de Startup depende da crença de que uma empresa pode explodir em valor do dia para a noite. E muitos trouxas caíram em vários golpes, com a Teranos sendo o melhor exemplo.
Quais os sinais para o futuro?
A lista é interessante. Primeiro, Bolsonaro teve a prisão decretada. Porém, isso é ótimo para o filme que foi anunciado antes do anúncio da prisão. A prisão é ótima para o drama e para a composição da narrativa de que ele está sendo perseguido. Fala-se, aqui, como análise de narrativa, não como afirmação quanto a ser ou não perseguição. Alguém perseguido precisa conseguir criar a narrativa de que está sendo perseguido para convencer o público. E esse é o ponto.
Para adicionar, a análise da Conjur é que o STF não deve impedir bancos de aplicar sanções da Lei Magnitsky contra Moraes. Ou seja, o juiz parece condenado por realizar uma perseguição política.
Eliane Cantanhêde e Daniela Lima, duas jornalistas que seriam “vocais demais” em defender Moraes e criticar Bolsonaro, acabaram demitidas da Globo. Será que isso seria um sinal de que a emissora está querendo ser mais neutra?
É evidente que o futuro não é certo. E também é evidente que este texto não é uma dica de investimento. Afinal, o autor não é um assessor de investimentos autorizado. Porém, quem não gostaria de quadruplicar o dinheiro que possui num intervalo de 4 anos?