Santa Gianna Beretta Molla e o Valor da Vida

Servir a Deus como Gianna Beretta Molla, ao invés do mundo, é o caminho para sobreviver aos “tempos modernos” e combater a Cultura de Morte

A Santificação da Maternidade a partir da mãe de Deus, a Virgem Maria, e da Paternidade, em São José, não podem ser confundidos com a santificação da mulher e do homem enquanto genitores. Infelizmente, é necessário usar esse termo terrível, para resguardar o significado sagrado de pai e mãe. Obviamente, só a mulher pode ser mãe e só o homem pode ser pai. Contudo, nem todo homem e nem toda mulher que têm filhos merecem a dignidade de serem chamados de pai e mãe. Mas Gianna Beretta Molla ultrapassou o merecimento de ser chamada de esposa e mãe, sendo também Santa.

Santo Agostinho que o diga! Filho de Santa Mônica, talvez o segundo grande exemplo de mãe na história cristã, atrás apenas de Nossa Senhora. Mas também filho de Patrício, um traidor, jogador e promíscuo inveterado. Ao acaso que, nas três primeiras décadas de sua vida, o futuro santo agia como um dos maiores pecadores?

Apesar dessa ‘modernidade’ que nos sufoca, os exemplos não pararam de proliferar. Mais que esposas e mães, mas servas de Deus e santas… e temos em Gianna Beretta Molla um belo ‘exemplar’.

Uma Grande Família

É o começo do século XX, numa Itália prestes a conhecer as ameaças das ideologias totalitárias destes tempos. Gianna Beretta Molla nasceu em Magenta, na Lombardia, a 4 de outubro de 1922, sendo a décima filha – de treze que tiveram – do casal Alberto de Beretta e Maria De Micheli. Assim sendo, acrescentaria o “Molla” ao nome somente muitos anos à frente, após receber o sacramento do matrimônio.

Nessa grande família, criaram os filhos a partir dos ensinamentos da Igreja Católica Apostólica Romana. Portanto, a fé era uma constante, até quando a família se mudou para Bėrgamo, na região da Lombardia. Advinda de família católica e tão grande, aprendeu desde cedo a valorizar a Vida como um dom de Deus. Sendo assim, dedicou-se com espero a cuidar dos mais vulneráveis e realizar suas vocações.

Ação Católica

Aos 12 anos, entrou para a Ação Católica, dedicando-se aos estudos e ações sociais. Mesmo no difícil período da Segunda Guerra Mundial, como universitária de medicina, não abandonou o curso. Mas também manteve-se ativa na organização..

Gianna Beretta Molla planejava passeios e eventos para os jovens e visitava os doentes, miseráveis e demais necessitados, acompanhada de outras moças da Ação Católica, para levar alimentos ao corpo e à alma, além de remédios, produtos de higiene e o que mais conseguisse, mas, principalmente, fé e esperança.

Ela tinha seu próprio programa, que compartilhava com os demais para incentivar na organização e realização de trabalhos. Vejamos:

Oração matinal e noturna, não deitados na cama, mas de joelhos;

  • A Santa Missa;
  • A Sagrada Eucaristia;
  • Meditação, por pelo menos dez minutos;
  • Visita ao Santíssimo Sacramento;
  • O Rosário, porque através da Nossa Senhora chegamos ao Paraíso.

Médica

Como médica, formada em 1949, abriu seu consultório em 1950, sendo suas especialidades os atendimentos ginecológico, obstétrico e pediátrico. Pois amava atender e ajudar às crianças e suas mães, e não parava no atendimento médico.

Não deixava um paciente sair de seu consultório sem ter resolvido seus problemas, os quais ouvia com atenção e sincero interesse. Doava remédios, atendia gratuitamente, arrumava emprego e doações aos necessitados… Lembra-me um pouco de outro médico católico italiano, também santo, São Moscati. Mas deste publicarei n’outro momento.

Bem, Gianna ajudava suas pacientes com gravidez de alto risco, bebês com malformações etc., a levarem as gravidezes até o fim. Ademais, se a mulher engravidasse em situação vexatória, dava-lhe forças para continuar, ter o filho e o amar.

Pretendia vir ao Brasil, atuar no atendimento aos pobres, junto ao seu irmão, o padre Giuseppe. Todavia, e infelizmente, não conseguiu realizar este desejo.

Vocações de Gianna Beretta Molla: Matrimônio, Maternidade e Servir a Deus

Conheceu Pietro Molla ao final de 1954, casando em 24 desetembro do ano seguinte. Sempre teve a vontade de formar uma família, cuidando para que vivessem dentro do cristianismo! Logo, nos anos seguintes viu a família abençoada com Pierluigi (1956), Mariolina (1957) e Laura (1959).

Mas o ano de 1961 reservava mais do que a quarta gravidez e, no segundo mês, descobriram um fibroma exatamente em seu útero. Naquele momento, os médicos – contra o quinto mandamento e o juramento de Hipócrates – ofereceram-lhw um aborto ou a remoção do útero. Porém, ambos os procedimentos matariam o bebê, sendo recusados por Gianna Beretta Molla. Por conseguinte, optou por uma terceira e arriscada opção para sua própria saúde: a remoção do fibroma.

Apóa bem sucedida a cirurgia, gravidez transcorreu, com a mãe pedindo sempre pela vida do bebê. Aliás, tinha tão grande convicção, que exigiu dos familiares que escolhessem pela vida do filho, ao invés da dela, se necessário durante o parto. “Se deveis decidir entre mim e o filho, nenhuma hesitação: escolhei – e isto o exijo – a criança. Salvai-a”, disse.

Gianna Emanuela Molla nasceu saudável, aos 21 de abril de 1962. Porém, sete dias depois, na manhã do Sábado de Páscoa, faleceu Gianna Beretta Molla. Vítima de peritonite séptica, que possivelmente levou ao choque séptico, em meio a fortes dores abdominais. Todavia, suas últimas palavras seriam: “Jesus, eu te amo, eu te amo”.

Beatificação de Gianna Beretta Molla

Dois de seus irmãos, Francesco e padre Alberto, fundaram o Hospital São Francisco de Assis, em Grajaú, no Maranhão. Era 1977, quando levaram uma moça protestante de nome Lúcia ao hospital, com fortes dores, poucos dias após parir um bebê natimorto. Os médicos encontraram uma fístula retal-vaginal, que necessitava de cirurgia urgente, porém, impossível de ser realizada ali. Sendo assim, precisariam viajar 600 km até a capital, São Luís.

Ao saber do caso, a irmã Bernardina, uma freira capuchinha e enfermeira, começou a rezar pedindo a intercessão de Gianna Beretta Molla. Outras enfermeiras se juntaram às orações e, poucas horas depois, a fístula curava-se, sem qualquer ação médica.

A Igreja Católica Apostólica Romana reconheceu o milagre em 22 de maio 1992, após anos de investigação que iniciou em 1981. Em 24 de abril de 1994, o papa e futuro santo João Paulo II realizou a cerimônia de beatificação. Mas o milagre maior estava por vir.

Canonização: Santa Giana Beretta Molla

Também no Brasil, terra que a beata queria visitar e espelhar sua ação, a mãe de três filhos, Elisabete Comparini, enfrentava o pior momento de sua vida. Contava 35 anos, em 1999, quando uma médica a incentivou a abortar. Pois não produzia líquido amniótico e havia um trombo de três vezes o tamanho do bebê.

Após uma conversa com o Bispo, Dom Diógenes Silva Matthes, decidiu manter a gravidez e tentar salvar o filho, mesmo se custasse sua vida. Ademais, Dom Diógenes presenteou-lhe com a biografia da beata Gianna Beretta Molla. Por isso, ambos rezaram para a beata, pedindo sua intercessão, e o maior milagre aconteceu!

O bebê chegou às 31 semanas e nasceu com 1,8kg, com a mãe entrando em coma, após perder 75% do sangue. Contudo, Elisabete recuperou-se! Por causa desse novo milagre, iniciou-se outra investigação. No 16 de maio de 2004, novamente na presença de São João Paulo II, realiza-se uma celebração, oficializando a canonização de Santa Gianna Beretta Molla.

Conclusão

Enquanto alguns se arrogam defensores do bem e posam de virtuosos, há quem viva para servir aos propósitos de Deus e proteger seu maior presente a nós: a Vida! Santa Gianna Beretta Molla exemplifica a vida santa e dedicada ao que realmente importa. Ou seja, à Deus, à Igreja, à Família e à Vida. Não surpreende que sua filha Gianna Emanuela Molla, conta-nos

“Meu pai costumava me dizer que determinou a escolha da minha mãe sua consciência, como mãe e doutora. E só compreendemos na luz de sua grande fé, na sua forte crença no direito sagrado à vida, no heroísmo do amor materno e na confiança completa na Providência. Devo agradecer não somente a Deus e à minha santa Mãe pelo dom da vida. Mas também ao meu pai. Porque ele não se opôs à decisão de minha mãe, mas, sim, respeitou a escolha dela”

Assim como a Serva de Deus Chiara Corbella Petrillo, temos em Santa Gianna Beretta Molla outro exemplo próximo de nossa época. Conquanto, será ao acaso que todos os grandes exemplos de vida santa defenderam a vida como dom de Deus?



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