O atual poder cultural — o movimento LGBT — em rota de colisão com o poder cultural emergente: o islamismo, numa Grã-Bretanha pós-Cristã
Elogiou-se o Rei Carlos III da Grã-Bretanha por seu “importante” compromisso com a diversidade. Pois realizou uma refeição do Ramadã e uma palestra sobre o “Mês da História LGBT+” no Castelo de Windsor — embora, é claro, não simultaneamente. A Casa de Windsor tornou-se microcosmo do Reino Unido, sendo lentamente espremida entre as garras dos revolucionários sexuais LGBT e a população muçulmana em expansão. Conquanto Maomé tornou-se recentemente o nome mais popular na Inglaterra pela primeira vez.
Inclusão e Diversidade nos Palácios Reais
No relatório anual de 29 de julho do Royal Collection Trust, que supervisiona os palácios reais, o Trust se gabou de que “inclusão e diversidade tiveram prioridades fundamentais este ano. Mas também um Iftar Aberto — refeição que quebra o jejum durante o Ramadã — realizou-se no Castelo de Windsor pela primeira vez em mil anos. O evento de março, liderado pelo Ramadan Tent Project contou com350 convidados no St. George’s Hall. Inclusive, dois recitadores da Mesquita de Maidenhead proferindo o chamado islâmico para a oração da varanda do salão. Contudo, o diretor do RCT, Tim Knox, enfatizou que o evento ocorreu “com a permissão do Rei”.
Em fevereiro, o fundo organizou uma palestra online intitulada “Arte Queer e Artistas na Coleção Real” para o “Mês da História LGBT+”. Por conseguinte, incluíram Leonardo Da Vinci, Safo, Chevalier D’Eon, Oscar Wilde, Michelangelo e outros. Alice de Quidt, curadora assistente de Gravuras e Desenhos, enfatizou que “diversas formas de amor e identidade sempre existiram”. Ademais, a Galeria do Rei no Palácio de Buckingham sediou outro evento LGBT em outubro anterior, “explorando algumas das figuras queer representadas na Coleção Real”.
Rota de Colisão na Grã-Bretanha
O Rei Charles III começou a criar o hábito de se ajoelhar diante do movimento LGBT, que exerce tamanho poder cultural que todo mês de junho. Em toda Grã-Bretanha, a Union Jack é arriada e a bandeira LGBT é hasteada em seu lugar. Sendo assim, em 05/07, a conta oficial da Família Real no X divulgou vídeo dos Guardas de Coldstream tocando “Pink Pony Club”, de Chappell Roan. Amplamente reconhecido como um hino LGBT, com a hashtag #Pride2025. Logo, o movimento LGBT viu o apoio sem precedentes ao London Pride, carnaval anual com um milhão de pessoas, como medida significativa da monarquia. A Rainha Elizabeth jamais reconheceu o Mês do “Orgulho”.
O rei, é claro, econtra-se preso na contradição de ser o chefe d’uma instituição cristã num país pós-cristão. Mas também atormentado durante o último meio século pelos flagelos gêmeos da revolução sexual e da migração em massa. Conquanto o poder cultural atual — o movimento LGBT — continua em rota de colisão com o poder cultural em ascensão. Em 2024, os prefeitos de Oldham, Luton, Londres, Blackburn e Oxford eram todos muçulmanos. Por enquanto, ignora-se cuidadosamente essa colisão inevitável, que ocasionalmente torna-se pública, quando pais muçulmanos conflitam com educadores LGBT sobre a doutrinação nas escolas da Grã-Bretanha. Na maioria das vezes, os muçulmanos vencem.
Cultura da Morte
Mas enquanto o Rei Charles tenta sincretismo ridículo e desesperado para salvar alguma unidade num reino fragmentado, supostamente luta contra a crescente Cultura da Morte. Pois se espalha pelo vácuo antes ocupado pelo cristianismo inglês. De acordo com o Daily Mail de 7 de agosto:
Fontes relatam que o Rei tem “uma noite escura da alma” diante da perspectiva de dois projetos de lei que talvez precise sancionar em breve. O primeiro é a descriminalização do aborto; o segundo, um projeto de lei que legaliza a morte assistida. Parece que terão que excluir a Família Real da legislação — ou reformar as leis de traição. A Lei da Traição de 1351, ainda em vigor, considera crime “planejar ou imaginar” a morte do monarca. Também é traição “interromper” a linha de sucessão. O aborto e a eutanásia também representam problemas para Sua Majestade como Governador Supremo da Igreja da Inglaterra, que se opõe a ambos os projetos.
Monarquia em Declínio
A monarquia era o coração simbólico da nação; agora, reflete cada vez mais as contradições da nossa era caótica. Pois numa noite, no Castelo de Windsor, acadêmicos desconstrucionistas celebram a “queerness”; n’outra, o chamado islâmico à oração ecoa pelo Salão de São Jorge. Ademais, construído pelo Rei Eduardo III em 1353 e 1354 para sediar os banquetes da Ordem da Jarreteira, fundada como ordem de cavalaria cristã. A monarquia interliga-se inextricavelmente ao cristianismo inglês; a coroação do rei contou com, juntamente a “Zadok, o Sacerdote” e a unção sagrada, um primeiro-ministro hindu lendo Colossenses.
Em seu muito elogiado God is an Englishman: Christianity and the Creation of England, publicado em abril, Bijan Omrami ilustra como a realeza e a lei inglesas são inseparáveis do cristianismo. Mas também como a lei escrita “implicava a unificação d’um povo sob tal código, com os reis responsáveis perante Deus por sua conduta e moralidade”. Portanto, suspeito que issto está no cerne da relatada “noite escura da alma” do Rei Charles III. A primeira parte do livro trata de “O que a Inglaterra deve ao cristianismo” (quase tudo); a segunda detalha “O que o cristianismo ainda pode dar”. Lord Andrew Roberts observou que Omrami lidan com a questão fundamental: “Estamos preparados para uma Grã-Bretanha pós-cristã?”
Preparado ou não, a situação chegou, e Omrami apresenta a única solução. Não se trata do Ramadã no Castelo de Windsor, nem d’uma deliberada e revisionista distorção do passado da Inglaterra. Mas, sim, de abraçar novamente aquela declaração histórica que iniciou a ordem de serviço na coroação do Rei Carlos III: “Cristo ressuscitou!”. A década de 1960 representou profunda ruptura com o Reino Unido, como era há mais de 1.000 anos. Todavia, o que seguir-se-á será, em parte, determinado pela permanência dessa ruptura.
Publicado originalmente em European Conservative, sob o título “Is a Christian King Prepared To Rule a Post-Christian Britain?“. Traduzido por Roberto Lacerda Barricelli.
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