Uma análise rápida e objetiva sobre o cessar-fogo entre Irã e Israel anunciado ontem (23 de Junho) por Donald J. Trump
O anúncio do cessar-fogo entre Irã e Israel, mediado por Donald J. Trump, com apoio do Qatar, precisa ser visto com muita cautela. Pois não se trata de um acordo de paz genuíno, nem de uma mudança estrutural nas relações entre os dois países. Sendo assim, na minha leitura, o motivo central dessa interrupção temporária nas hostilidades é simples: ambos os lados atingiram, por enquanto, seus objetivos imediatos.
Na prática, vejo dois fatores principais para este cessar-fogo
1. O Irã conseguiu salvar o que mais lhe importa: o urânio enriquecido e a continuidade (clandestina) de seu programa nuclear
Apesar dos bombardeios, fontes de inteligência apontam que o Irã foi eficaz em esconder grande parte do seu estoque de urânio e preservar a capacidade de retomar o programa rapidamente. Há também rumores sólidos de que a Rússia teria se oferecido para fornecer armamentos nucleares ao Irã. Portanto, dá ao regime iraniano margem de manobra estratégica para o futuro. Ou seja, eles não estão rendidos, mas apenas ganhando tempo.
2. Israel e EUA acreditam que neutralizaram a ameaça iraniana, ao menos por agora
Após os ataques cirúrgicos das últimas semanas, Washington e Tel Aviv calculam que os danos nas instalações nucleares iranianas foram suficientes para atrasar significativamente qualquer avanço imediato do programa atômico iraniano. Ou seja, na visão deles, o objetivo militar foi cumprido e o prolongamento do conflito neste momento não traria benefícios adicionais. Mas pelo contrário, só aumentaria o risco de uma escalada regional fora de controle.
O cessar-fogo de hoje é menos um gesto de paz e mais uma pausa estratégica. Logo, cada lado vai agora reorganizar suas peças no tabuleiro. Não duvidem: o conflito entre Irã, Israel e os EUA é de longo prazo e ainda veremos novos capítulos.
Fiquemos atentos!
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