Racismo não explica busca Europeia por Conquista e Poder Colonial

A colonização da Ásia e da África somente participa da história da expansão das nações europeias em busca por poder político, sem o racismo como causa

Houve um ressurgimento na investigação do passado imperial da Europa. Ao consumir críticas contundentes ao imperialismo europeu, é provável concluir que as conquistas são motivadas unicamente por ódio e racismo. Inclusive, alguns comentaristas insinuam que o propósito das expansões territoriais era saciar os desejos racistas dos europeus. Embora o racismo tornou-se uma justificativa à supremacia ocidental, raramente motivou as conquistas. Pois historicamente, os Estados embarcaram em conquistas para projetar poder político.

Racismo ou Poder Político?

Conquistar outros Estados resultou em imensos ganhos de reputação aos vencedores. Ademais, muitos não compreendem a brutalidade das conquistas passadas. Pois vivemos numa sociedade baseada no conhecimento. Logo, na qual os Estados competem para demonstrar superioridade tecnológica e científica. Além disso, desde que a Europa, na história recente, tornou-se a potência mundial dominante, mais pessoas inclinam-se a discutir a colonização europeia da Ásia e da África.

Asiáticos e africanos são de raças diferentes. Por isso, facilita interpretar erroneamente o racismo como uma justificativa em vez da defesa de conquistas. Os europeus são frequentemente lembrados das atrocidades cometidas por seus ancestrais contra indivíduos não brancos. Vários escritores opinam que os não brancos ainda são vítimas do imperialismo europeu.

Por exemplo, ao denunciar o passado colonial de Portugal, Rui Braga escreve:

Estudar as implicações do colonialismo no desenvolvimento é uma busca sensata. Conquanto seria imprudente formar opiniões sem conduzir uma pesquisa completa para orientar nosso pensamento. No entanto, a indignação moral dos intelectuais de esquerda é injustificada. Infelizmente, virou modismo refazer os legados imperiais da Europa para indicar que as ex-colônias continuam incapazes de se recuperar do trauma do domínio europeu. Além disso, acharemos estranho que os intelectuais pareçam esquecer da antiga predominância das conquistas intraeuropeias. Apesar da ascensão do emocionalismo histórico, a verdade é que a colonização de povos não brancos por europeus participa da história mais ampla das conquistas europeias.

Racismo não motivou colonização

Contrariando a narrativa atual, os europeus não colonizaram territórios asiáticos e africanos devido a qualquer ódio inato aos não brancos. Mas buscavam adquirir status hegemônico em relação aos rivais na Europa. Ademais, se as conquistas tivessem realmente validado a supremacia branca, os europeus não conquistariam uns aos outros. Portanto, avaliaremos as conquistas dentro do contexto mais amplo da guerra intraeuropeia. Quando o fizermos, demonstraremos que, durante séculos, os europeus competiram pela hegemonia na Europa. Portanto, não há nada de incomum no fato de que posteriormente conquistaram não europeus.

As personalidades cômicas dos vikings são bastante proeminentes na cultura popular. Contudo, seu papel nas conquistas é menos conhecido fora da academia. É verdade que as preocupações paroquiais motivaram seus primeiros ataques mais do que ambições imperiais. No entanto, à medida que seu poder aumentava, eles expandiam sua esfera de influência. Consequentemente, após obterem benefícios dos ataques, reconheceram que a conquista produziria maiores ganhos.

Dawn Hadley aponta isso sucintamente em sua discussão sobre os vikings:

Subjugação Cultural

Embora frequentemente critique-se os europeus por mudarem as sociedades dos povos que subjugaram, os vikings demonstram semelhante abordagem à subjugação dos europeus. Angus A. Somerville e R. Andrew McDonald ilustram com perspicácia os efeitos de suas façanhas em seu texto seminal The Vikings and Their Age. Dizem: “Os ataques e assentamentos vikings podem ter aniquilado a população indígena picta nas ilhas do norte de Órcades e Shetlands; seja esse o caso ou não, as ilhas e seus habitantes tornaram-se escandinavos na fala e na cultura.”

Entretanto, os ataques vikings também resultaram na venda de vítimas como escravas. Jim Comer nos oferece uma breve descrição desse processo:

Ao contrário de seus ancestrais vikings, os suecos de hoje não são conhecidos pela agressividade. No entanto, sua história imperial é semelhante à da Grã-Bretanha e da França. Ou seja, como outras grandes potências sob o feitiço do mercantilismo, a Suécia via a aquisição de territórios estrangeiros como rota à riqueza. Andres Kasekamp, em Uma História dos Estados Bálticos, fornece um relato vívido da ascendência da Suécia na Europa:

E, consistente com a construção do império ao obter um território, a Suécia buscou transformar a cultura da região. Como escreve Jan Lindegren: “Nas províncias do Báltico, introduziram a lei sueca juntamente com reformas agrárias e fundiárias. Destinadas a reduzir a influência da aristocracia alemã e consolidar o poder sueco.”

Busca por Poder Imperial

É mais do que ingênuo presumir que impérios não investirão em estratégias para aumentar seu poder. Conquanto para permanecer um império bem-sucedido, um Estado imperial deve garantir com suceso a submissão de grupos díspares a um único regime. Por isso, frequentemente pela uniformidade cultural.

Discutir impérios sem reconhecer seus objetivos é simplista e a-histórico. Sendo assim, revisitar os horrores cometidos por europeus no mundo não ocidental para marcar pontos políticos é um exercício fútil. Além disso, as pessoas nos países em desenvolvimento devem se conscientizar. Pois, embora terríveis, as experiências de seus ancestrais não foram exclusivas dos povos conquistados. Afinal, demonstramos claramente que os europeus não tinham escrúpulos em conquistar e escravizar pessoas brancas.

No entanto, os indivíduos que vivem nos países em desenvolvimento não devem esquecer a história do colonialismo. Pois ela os lembra de que a fraqueza é uma receita para a exploração. Esta é uma lição que necessitam aprender.

Artigo originalmente publicado no Mises Wire, do Mises Institute, sob o título “Why Racism Can’t Explain Europe’s Drive for Conquest and Colonial Power“. Traduzido por Roberto Lacerda Barricelli. Manchete criada pelo editor.



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