Por que Empregos não Justificam “Gasto Social” de Governos

Não existem empregos grátis gerados por “gasto social” de governos, como defendem certos ideólogos contrários ao Livre Mercado

Minha colega, Maggie Anders, recentemente publicou um texto esclarecedor no Xs, sobre o “gasto social” de governos. (Nota do editor: adaptamos o título e inserimos o termo “gasto social” para tipificar o tipo de gasto estatal ao qual o autor refere-se, dentro do contexto brasileiro).

À medida que Trump começa a fechar agências governamentais (ou partes delas), muitos destacm uma desvantagem óbvia: funcionários do governo perderão empregos se fechar agências governamentais. Alguns artigos consideram essa a maior demissão da história e afirmam que terá consequências econômicas graves e negativas. Porém, outros esquivam-se, afirmando que talvez não sintam o impacto por muito tempo.

Claro, é lamentável quando as pessoas perdem seus empregos por si só. No entanto, não significa que valha a pena preservarem todos os empregos. Pois a criação de qualquer emprego, governamental ou não, traz consigo potenciais vantagens e desvantagens. Conquanto a vantagem é o valor que o emprego produz, tanto ao indivíduo como o restante da sociedade, com base no que produz pelo trabalho. A desvantagem é o tempo e os recursos que o indivíduo utiliza para realizar seu trabalho alocados à produção de bens alternativos. Os economistas chamam essas oportunidades perdidas de custo de oportunidade do emprego.

Vantagens e Desvantagens

Nos mercados privados, as empresas comparam as vantagens e desvantagens do emprego d’uma pessoa. Observando quanto o trabalhador produz (em termos de receita adicional gerada) e comparando ao custo de contratação (em termos de salários, benefícios e assim por diante). Logo, se um novo emprego gerar mais receita do que custa em termos de recursos, o criarão, porque aumenta a lucratividade da empresa. Porém, se custar mais do que a receita que gera, implica esperar que os consunidores demandem outros usos desses recursos com mais urgênci. Nesse caso, a empresa teria prejuízo e o novo emprego não seria criado.

Por outro lado, quando o governo cria empregos (“gasto social”), não ocorre essa contabilização. Como políticos e burocratas não calculam lucros e perdas, é impossível verificar se o valor dos recursos utilizados é maior do que dos serviços prestados. Para citar o economista Ludwig von Mises:

Um governo não é uma empresa com fins lucrativos. A condução de seus negócios não pode ser verificada por meio de demonstrações de lucros e perdas. Suas realizações não podem ser avaliadas em termos monetários.

Lado Positivo e Lado Negativo do “Gasto Social” em Empregos

O lado positivo dos programas governamentais é facilmente visível — quando o governo constrói uma nova ponte, vemos as pessoas usando a ponte. No entanto, o lado negativo é menos claro. Pois poder-se-ia usar o dinheiro e os recursos que o governo tirou dos contribuintes para construir a ponte e contratar funcionários para outras coisas. Mas como os políticos tiram esses recursos dos eleitores por meio de impostos, não arcam com o custo e não podem prestar contas.

Em Economia em uma lição, Henry Hazlitt observa sobre os governos construírem pontes:

Quando gerar emprego se torna o objetivo [da construção da ponte], a necessidade se torna uma consideração secundária. “Projetos” precisam ser inventados. Em vez de pensar apenas onde as pontes devem ser construídas, os gastadores do governo começam a se perguntar onde as pontes podem ser construídas.

Mas esses empregos não enriquecem a sociedade? Calma. Hazlitt continua:

É verdade que um determinado grupo de trabalhadores da ponte receberá mais empregos do que outros. Mas precisa-se pagar a ponte com impostos. Para cada dólar gasto na ponte, um dólar será retirado dos contribuintes.

O governo pode criar empregos arrecadando impostos e aplicando em “gasto social”. Entretanto, alguns empregos destroem a riqueza da sociedade. Seria um desperdício se alguma empresa privada usasse milhões de dólares em recursos para cavar buracos no solo e imediatamente os tapasse. A razão pela qual não nos preocupamos com isso é que uma empresa cujos proprietários optasse, teria prejuízos enormes.

Nenhum contribuinte ficaria feliz com o governo pagando um salário de seis dígitos a alguém para cavar buracos e depois fechá-los. Mas como o governo pode ter certeza de que os empregos públicos existentes não destróem riqueza? Como podemos saber se alguns cargos são essencialmente para cavar buracos e fechá-los? Sem a contabilidade de lucros e perdas, não podemos.

Função do Governo Federal

O governo federal não é fundamentalmente um programa de empregos — pelo menos não se quisermos que melhore a vida dos cidadãos. Portanto, a alegação de que cortar gastos do governo é ruim para a economia porque as pessoas perdem empregos não procede. Pois essas pessoas encontrarão empregos no setor privado, onde seus novos empregadores sujeitam-se aos desejos dos clientes e às forças da concorrência, lucro e prejuízo.

O ponto da Maggie está absolutamente correto. O governo não é um programa de empregos e “gasto social”.

Leitura Adicional

Artigo publicado originalmente em FEE, sob o título “Why Jobs Don’t Justify Government Spending”. Traduzido por Roberto Lacerda Barricelli.



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