Quando trata-se de monstros criados nas terras de outros povos, a Grã-Bretanha não tem obrigação de tolerar sua presença ou fazer pequenas tentativas de reformá-los ou liberalizá-los
Nas últimas duas semanas, houve pelo menos uma manchete diária que dizia: “Criança estuprada por migrante de hotel”. A resposta do público britânico — aqueles que importam-se o suficiente para enfurecerem — dividiu-se em duas! Conquanto há aqueles que clamam por “Deportação em massa já!” e os que rebatem dizendo: “E os estupradores brancos?”. Em seguida, observo a esquerda “progressista e tolerante” e a direita “preconceituosa e intolerante” esgotarem-se na seção de comentários sobre quem é o ser humano mais sensato e justo.
Argumentação e Contra-Argumentação
Como não preocupo-me em me perceberem como progressista ou gentil, pensei em contornar a exaustão diária. Portanto, exporei os argumentos feitos pela (nominalmente) esquerda e os contra-argumentos estabelecidos pela (nominalmente) direita. Mesmo que apenas facilite as vidas daqueles que defendem seus argumentos on-line e na esfera pública.
A afirmação “E os estupradores brancos?” pretende-se uma crítica àqueles que defendem a deportação em massa. Pode significar: “Acho que vocês focam indevido aos imigrantes que cometem esses crimes” ou “Lidaremos com todos os estupradores ao mesmo tempo!”. Porém, na prática essa afirmação pretende insultar e assemelha-se a algo como: “Até que vocês lidem com seus estupradores brancos, pessoas brancas não têm o direito de falar sobre estupradores negros e pardos”. A existência de estupradores brancos parece impedir os progressistas de abordar a questão dos estupradores negros ou pardos. Pois insinuam que alguém é racista e hipócrita se não falar sobre estupro e estupradores em termos iguais.
O contra-argumento daqueles mais conservadores em relação à imigração? O estupro não está acontecendo em condições de igualdade.
Números dos Estupros: Migrantes x Nativos
O Censo de 2021 projeta que 16,9% da população do Reino Unido tem status de “imigrante” — pessoas nascidas fora do Reino Unido, filhas de pais que não são nativos das Ilhas Britânicas. No entanto, o The Telegraph revelou no mês passado que estrangeiros cometem 25% das condenações por estupro no Reino Unido. O Centro de Controle de Migração constatou que, em 2024, pessoas com status de imigrantes recebram 34% das condenações por “agressão sexual contra mulher”. Ou seja, há uma super-representacão de migrantes em agressões sexuais contra mulheres por um fator de dois.
O que isso significa na prática? Que uma mulher caminhando pela rua tem duas vezes mais chances de ser atacada ao encontrar um migrante do que um inglês nativo. Para aqueles que precisam esclarecer melhor o ponto, não quer dizer que todo migrante representa uma ameaça à sua segurança. Tampouco que esteja imune a ataques d’um homem branco. Logo, em sua vida cotidiana, quanto mais migrantes houver na população local, maior será a probabilidade d’um ataque contra a mulher — e de que o agressor seja um migrante.
“Nem todos os Migrantes”
Quando as pessoas dizem “Nem todos os migrantes”, estatisticamente falando acertam. Nem todo migrante para o Reino Unido é um estuprador ou em potencial. Todavia, estatisticamente alguns grupos demográficos inflam esses número mais do que outros. Por exemplo, pedido de liberdade de informação revelou: a cada 10.000 pessoas, “afegãos e eritreus tinham 20 vezes mais condenações por crimes sexuais que britânicos”. Também informaran ao público de que há maioria de muçulmanos paquistaneses entre os perpetradores por trás de “gangues de exploração sexual infantil” ou “gangues de aliciamento”.
Gangues de aliciamento brancas existem! Mas os infratores brancos representam apenas 17% dos processos, enquanto compõem 86% da população. Enquanto isso, 75% dos infratores em “crimes sexuais contra crianças alvos de adultos sem parentesco devido à sua vulnerabilidade” eram “asiáticos”. Entretanto, um termo que tende a denotar pessoas de ascendência indiana, paquistanesa e bengalesa. O Escritório de Estatísticas Nacionais estima que 7,5% da população do Reino Unido é “asiática”.
Até certo ponto, as proporções exatas são irrelevantes ao argumento. Pois não evitam a investigação e o processo contra gangues de aliciamento de brancos em razão da raça ou religião dos perpetradores. Não mandam embora ou chamam as vítimas de mentirosas em nome da “manutenção da coesão da comunidade”. Mas, dado que acusam um número desproporcional de migrantes de certos crimes sexuais, lemos a declaração “Nem todos os migrantes” como: “É necessário tolerar uma série de estupros cometidos por ‘migrantes ruins’ para garantir a aceitação de migrantes ‘bons’ ou ‘refugiados’ no Ocidente”.
Diversidade acima da Realidade
Essa atitude manifesta-se em declarações contundentes como “Cale a boca pelo bem da diversidade”. Para quem não conhece esse slogan, parafraseia um tuíte compartilhado pelo deputado britânico Naz Shah em 2017. O tweet compratilhado dizia: “As meninas abusadas em Rotherham e n’outros lugares precisam calar a boca. Pelo bem da diversidade”. Ou seja, em tradução livre, como uma sociedade moderna e “antirracista”, temos obrigação de obscurecer, negar ou ofuscar d’alguma forma essas estatísticas. Conquanto minam as narrativas mais grandiosas e importantes da bondade humana universal e da sabedoria indígena. Portanto, teorias que a imigração em massa e o multiculturalismo supostamente comprovam como corretas.
“Todos nascem com um potencial inesgotável para ser médico ou engenheiro. Se não são médicos ou engenheiros, a sociedade os decepcionou ou vítimou por discriminação.” Esta é a história aproximada contada por ativistas que buscam defender a imigração em massa, que consideram racistas as estatísticas . Por exemplo: “estrangeiros tinham 71% mais probabilidade do que britânicos de condenações por crimes sexuais”. Ou “metade das moradias sociais em Londres vão para famílias chefiadas por alguém que não nasceu na Grã-Bretanha”. Pois pelo menos minam a declaração sincera de que a maioria dos migrantes (i) são somente profundamente azarados na vida, (ii) pessoas fundamentalmente inocentes e honestas, e (iii) contribuintes líquidos para a economia e a cultura do Reino Unido.
Embora eu pudesse ter mais simpatia ao argumento de que devemos julgar cada um de acordo com seu mérito, a escala da imigração em massa tornou-se imensa. Portanto, processar pessoas uma por uma transformou-se não só numa tarefa incontrolável, mas também indesejável.
Aceitar Migrantes em nome da Igualdade de Oportunidades?
A disposição de aceitar infinitos migrantes no Ocidente pela “igualdade de oportunidades” e “humanidade do homem ao homem” diminuiu na opinião pública por diversas razões. Mas para limitá-la a algumas críticas: as pessoas no mundo ocidental descobriram que nem todas as culturas são iguais. Ademais, que há incompatibilidade de algumas religiões e culturas com a cultura e a moral ocidentais. Também que o desejo de integrar-se a outra cultura é raro; e que há muito mais países problemáticos no mundo do que imaginava-se. Sendo assim, não é possível ou desejável em termos de qualidade de vida ou estética acomodar todos num punhado de países ocidentais.
Se é ‘racista’ atestar a realidade do crime, que assim seja. Mas não significa que aqueles que repetem esses fatos achem isso fácil ou confortável, ou tenham qualquer prazer em repeti-los. Não nego que, às vezes, confunda-se inocentes com culpados, e devemos evitar sempre que possível. Contudo, o medo de ofender os inocentes impede a capacidade de prender os culpados; gentileza com o culpado é crueldade com o inocente. E no caso de estupro de uma criança, a vida de uma jovem é arruinada para que um homem mais velho tenha alguns momentos de prazer.
Loteria dos Migrantes
Insistir em abrir portões para impedir exclusão de inocentes e talentosos da sociedade ocidental, pede a Grã-Bretanha — e Europa — jogar “loteria do estupro de migrantes”. “Será um empreendedor ou o líder de uma gangue de aliciamento? Sintonize na próxima semana para descobrir!” Por mais radical que pareça, não é um jogo que a Grã-Bretanha realmente precise jogar. Porém, mais diretamente, não me importo mais com médicos, acadêmicos e engenheiros deslocados. Afinal, nenhum deles vale o sequestro, o abuso, o estupro ou a morte de nossos filhos.
A deportação em massa não resolverá todos os problemas da Grã-Bretanha e Europa; em números brutos, britânicos nativos perpetrarão a maioria dos estupros. Pois ainda acontecerá enquanto os britânicos brancos constituírem uma maioria significativa da população. Mas aqueles que desejam aumentar a segurança nas ruas e reduzir o total de casos de estupro e agressão sexual o mais rápido possível irão primeiro atrás dos agressores “per capita”.
Até certo ponto, o argumento numérico é totalmente irrelevante para a questão de por que a imigração em massa para o Reino Unido e a Europa deve cessar. E por que necessitaríamos d’um elemento de remigração. Mesmo uma sub-representação dos migrantes em condenações por violência sexual, não mudaria o argumento contra sua aceitação na Europa. Pois todo estupro e agressão cometidos por um migrante são totalmente evitáveis, porque esse migrante não precisava estar no país.
Toda Pátria produz seus ‘monstros’
Qualquer pátria produzirá seus próprios monstros. Embora realizem esforços para impedir e subverter suas atividades, não haverá solução permanente e perfeita à proliferação de psicopatia e narcisismo na população. Problemas domésticos exigem soluções domésticas: apreendidos e tratados na pátria do monstro. Mas quando trata-se de monstros criados nas pátrias d’outros povos, a Grã-Bretanha não tem obrigação de tolerar sua presença ou tentar reformá-los ou liberalizá-los.
Ninguém tem um direito a vir para o Reino Unido, e quem quiser vir por rotas ilegais e esconder sua identidade, não pode esperar que a população anfitriã acredite em corações puros, em vez de exploradores. Pelo menos alguns presumirão que os recém-chegados têm más intenções para com a nação. Portanto, para tornar o caso mais concreto, não esperarei que demonstrem ainda mais suas más intenções — mais do que já demonstraram ao cruzar o canal. Tampouco esperando que estuprem ou matem uma criança. Receio que seja culpado até que se prove o contrário.
Publicado originalmente em European Conservative, sob o título “The Migrant Lottery: Entrepreneurs or Grooming Gang Leaders?“. Traduzido por Roberto Lacerda Barricelli.
Nota do IVCAIRU
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