Esse tipo de ativismo performático pró-Palestina é alimentado pelo narcisismo que sinaliza virtudes, mas sem qualquer ajuda real aos necessitados. O segundo projeto de vaidade flutuante de Greta Thunberg conseguirá nada mais do que a medíocre ação de relações públicas
Para Greta Thunberg, aparentemente não bastava a detenção pelas Forças de Defesa de Israel e deportação de volta para a Suécia só uma vez. Pois decidiu tentar novamente entrar ilegalmente em Gaza por barco. Nesta semana, a flotilha, composta por cerca de 40 barcos, acabou interceptada pelo exército israelense. Sendo assim, capturaram seus cerca de 450 marinheiros ativistas. Um barco, o Marinette, conseguiu escapar e seguir viagem para Gaza, mas também acabou capturado por Israel, nesta quarta (2).
‘Ajuda Simbólica’
A Flotilha Global Sumud, como era chamada, era tentativa de ativistas estrangeiros pró-Palestina romperem o que chamam de “cerco” israelense a Gaza e entregar ajuda. Porém, a ajuda em questão era simbólica, consistindo numa pequena quantidade de alimentos e suprimentos médicos. É claro que os necessitados moradores de Gaza não perderam muita coisa.
A primeira tentativa da flotilha de chegar a Gaza, em junho, terminou de forma semelhante. Greta Thunberg e seus companheiros benfeitores gritaram que os militares israelenses os “sequestravam” e cometiam crimes de guerra ao impedir que o barco, o Madleen, entrasse na Palestina. Contudo, tratou-se de realidade bem diferente — os ativistas simplesmente receberam alguns sanduíches kosher e retornaram aos seus países de origem. É provável que esta rodada termine igual, após o Yom Kippur, quando as autoridades israelenses começarão a processar as deportações. Embora alguns suecos torçam para que Israel mantenha Greta Thunberg por mais algum tempo.
Será que Thunberg realmente achou que as coisas seriam diferentes desta vez? N’algum momento, é preciso perguntar: é algo psicológico? Algum tipo de fetiche? Greta gosta de ser maltratada por soldados musculosos e bronzeados das Forças de Defesa de Israel (IDF)? Talvez nunca saibamos.
Segunda Interceptação da Flotilha
O que sabemos é que a flotilha, e a resposta global a ela, não foi menos histérica na segunda vez. Quando capturaram os barcos, divulgou-se um vídeo pré-gravado de Thunberg, no qual ela grita sobre ser “sequestrada e levada contra a minha vontade pelas forças israelenses”. No X, o relato oficial da flotilha reclamava que “interceptaram e abordaram ilegalmente vários navios pelas forças de ocupação israelenses em águas internacionais”. O Ministério das Relações Exteriores de Israel explicou, num tom consideravelmente menos emotivo, que a Marinha solicitouque a flotilha mudasse de curso e os avisou de que entrariam “numa zona de combate ativa”. Quando a frota recusou-se, Israel a impediu fisicamente de prosseguir.
De qualquer forma, esses exibicionistas marítimos dificilmente são pacifistas. Apesar de seus apelos hipócritas por “paz” na Palestina, os ativistas pareciam felizes o suficiente para receber a proteção de navios de guerra literais. Tanto a Espanha quanto a Itália enviaram fragatas para escoltar a flotilha em parte de sua jornada, e a Turquia posteriormente juntou-se à festa. Os pacifistas professos mal conseguiam conter sua excitação com a ideia de canhoneiras ameaçando Israel. No entanto, apesar de literalmente ladeada por várias fragatas, a flotilha, reclamou do uso de táticas de “intimidação” por Israel,. Por exemplo, cercada por drones e forçada a ouvir a música do ABBA.
Reações Calculadas: A Verdadeira Intenção
Quando a notícia do fracasso da flotilha chegou ao Ocidente, houve reação tão insuportável quanto esperava-se. A relatora especial das Nações Unidas, Francesca Albanese, no X, lamentou o “sequestro ilegal” dos ativistas por Israel. Assim como denunciou “a vergonha, em primeiro lugar, dos governos ocidentais e de sua inação cúmplice”. O jornalista britânico Owen Jones descreveu como “pirataria à vista de todos”. Os organizadores da flotilha, de novo, alegaram que as ações de Israel constituíam um “crime de guerra”.
Naturalmente, cidades por toda a Europa explodiram em protestos, idênticos aos que sofremos semanalmente nos últimos dois anos. Na Itália, centenas de milhares de manifestantes nas ruas, nesta quinta (3). Mas como parte d’uma greve geral organizada por sindicatos em apoio à flotilha de Greta Thunberg. O Túnel do Porto de Dublin, na Irlanda, acabou fechado ontem devido a ativistas pró-Palestina bloqueando o tráfego, causando uma interrupção significativa na cadeia de suprimentos. Assim como vandalizaram lojas e restaurantes, enquanto as autoridades prenderam centenas durante confrontos com a polícia.
Na Ilha de Skye, na Escócia, uma filial local d’um posto de gasolina Asda fechou por um dia, afixando placa na porta informando aos clientes fechar “em solidariedade ao povo da Palestina e aos da Flotilha Global Sumud. Pois sequestrados tentando quebrar um cerco ilegal de Gaza”. Havia uma bandeira palestina ao lado do cartaz. Por enquanto, Israel não respondeu a essa demonstração específica de relações exteriores no pátio.
Protestos no Reino Unido
De particular mau gosto foram os protestos no Reino Unido. Nos quais, na manhã de quarta (2), um homem de ascendência síria lançou ataque brutal a uma sinagoga de Manchester. O homem, identificado como Jihad Al-Shamie, de 35 anos, dirigiu seu carro contra uma multidão de judeus em frente à Sinagoga de Heaton Park. Então, esfaqueou violentamente antes de morto a tiros pela polícia. Dois homens morreram como resultado do ataque e três pessoas ficaram gravemente feridas. Mas, apesar dessas cenas horríveis, protestos pró-Palestina prosseguiram pelo país, em resposta ao fracasso da flotilha.
Em Londres, Leeds e até mesmo em Manchester, manifestantes agitaram bandeiras palestinas e entoaram os slogans habituais. Por exemplo, “do rio, para o mar” e “morte às Forças de Defesa de Israel” — aparentemente despreocupados com o quão insensível pareceriam à comunidade judaica. A mesma que ainda recuperava-se d’um ataque terrorista fatal.
A Real Intenção de Greta Thunberg: Ativismo Performático
Assim como a flotilha de Greta Thunberg, tais protestos concentram-se primeiro no espetáculo e depois nas consequências. O único impacto significativo dessas manifestações pró-Palestina é que as comunidades judaicas na Europa sentir-se-ão mais inseguras. Assim como, o único efeito duradouro da flotilha serão as selfies e postagens nas redes sociais que produziu. Israel distribui mais de um milhão de refeições por dia em Gaza. Mas o segundo projeto de vaidade flutuante de Greta Thunberg conseguirá nada mais do que a medíocre ação de relações públicas.
Esse tipo de ativismo performático certamente não ajuda os palestinos. Seria um trabalho árduo demais para os ocidentais que exibem cartazes e obtêm a maior parte das notícias na forma de infográficos no Instagram. Isto é, muito mais fácil tratar Israel como vilão global e a Palestina como vítima indefesa, areconhecer uma situação muito mais complexa. Afinal, a maioria de nós no Ocidente jamais poderia compreender.
Resta uma pergunta: Greta tentará uma terceira vez? Pois tomara que não, pelo bem de todos os nossos feeds de mídia social.
Publicado originalmente em The European Conservative, intitulado “Greta’s Latest Flotilla Was Just As Cringe As The Last“. Traduzido por Roberto Lacerda Barricelli. Título contextualmente adaptado.