Milhões de apoiadores da AfD são desprezados pelo CDU, enquanto o partido continua excluído das posições de liderança no Bundestag
A liderança do CDU, a partido no poder, passou o último fim de semana em Berlin-Grunewald em uma reunião estratégica para discutir sua abordagem em relação ao partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD). Porém, atualmente, o partido mais popular na Alemanha. A atual política de “Brandmauer” (ou “firewall”) do partido proíbe qualquer cooperação com a AfD, que opõe-se à imigração. Todavia, apesar do crescente apoio ao partido liderado por Weidel, o CDU, com o chanceler Friedrich Merz à frente, reafirmou a postura de “cordão sanitário” na reunião.
Partido Dividido?
No entanto, apelos para reconsiderar a política rígida vieram recentemente do ex-secretário-geral do CDU, Peter Tauber. Assim como do ex-ministro da Defesa, Karl-Theodor zu Guttenberg. Juntamente com exortações semelhantes de políticos do CDU de estados do leste, incluindo Turíngia, Saxônia e Brandemburgo, onde a AfD domina a política local. Andreas Bühl, líder do grupo parlamentar do CDU na Turíngia, declarou:
“Aqueles que alinham suas políticas apenas com base em quem os apoia confundem moralidade com política”.
Ademais, muitos políticos do CDU do leste expressaram preocupações que a barreira de proteção limita a capacidade partidária de interagir com parcela substancial dos eleitores.
Crescimento da AfD
Segundo relatos da mídia alemã, o partido apresentou dois estudos para subsidiar a discussão. Pesquisas com eleitores da AfD mostraram que é praticamente impossível reconquistá-los para o CDU/CSU, pois o partido distanciou-se demais de suas preferências.
Um segundo estudo da Fundação Konrad Adenauer analisou partidos de direita em toda a Europa. Por conseguinte, concluiu que a ascensão da AfD reflete tendência internacional mais ampla em direção a ideologias nacionalistas. Ou seja, não deve-se somente às políticas da Era Merkel. Segundo o relatório, por isso a popularidade da AfD continuou mesmo após a saída de Angela Merkel do poder em 2021.
A AfD já é a força política mais forte em vários estados do leste. Por exemplo, na Saxônia-Anhalt, pesquisas sugerem que pode atingir até 40% nas próximas eleições regionais. Apesar de ser a maior força de oposição em todo o país, a AfD continua excluída de cargos de liderança no Bundestag. Incluindo cargos de presidente e de vice-presidente em comissões parlamentares importantes. Portanto, milhões de eleitores carecem de representação significativa, enquanto o CDU mantém uma política rígida de não cooperação.
Esquerda Ameaça o CDU
Ativistas de esquerda ameaçaram a CDU por qualquer potencial envolvimento. O Centro para a Beleza Política (ZPS) alertou no X: “A CDU não tem a mínima ideia das forças que desencadearia se quisesse fazer um pacto com o extremismo de direita. NUNCA MAIS!”.
Eles alegaram que qualquer cooperação poderia provocar protestos em massa e até mesmo destituir o CDU do poder. Conquanto o ZPS enfatizou que tais ações criariam uma “parede de fogo social” mais forte que qualquer política partidária.
Publicado originalmente em The European Conservative, intitulado “Firewall Here To Stay: CDU Rejects Engagement With AfD“. Traduzido por Roberto Lacerda Barricelli.
