A esquerda europeia abraçou a eutanásia como uma de suas principais agendas nos últimos meses e arrisca a existência do próprio povo europeu
Alguns países europeus avançam rumo à legalização da eutanásia e do suicídio assistido. Mas vozes conservadoras e instituições de defesa da vida se levantam para denunciar o que consideram um projeto de degradação moral e relativização da dignidade humana. A questão, cada vez mais presente nas pautas legislativas do continente, expõe uma fratura ética que opõe a liberdade individual ao valor absoluto da vida.
O Avanço da Eutanásia
No Reino Unido, a pressão por uma reforma legal ganhou força após debates recentes no Parlamento sobre o Assisted Dying Bill. No entanto, críticos denunciam o desequilíbrio da comissão encarregada de analisar o tema. Todavia, a composição do painel favorece claramente os defensores da legalização; Portanto, marginaliza médicos, juristas e especialistas que alertam aos riscos da banalização da morte induzida.
O editorial do jornal The Times, tradicionalmente sóbrio em suas análises, publicou uma advertência simbólica: “Legalizar a eutanásia é abrir a Caixa de Pandora”. O texto sublinha que a permissão legal, ainda que inicialmente limitada, tende a levar a uma escalada perigosa. Pois ameaçar passar da eutanásia de doentes terminais à eliminação “compassiva” de pacientes com transtornos mentais ou idosos com limitações severas. Tal processo, argumentam, ameaça não apenas os mais frágeis. Mas compromete o princípio ético de que a vida é inviolável.
Legislação na Itália
Na Itália, o dilema se tornou ainda mais evidente após o avanço regional da Toscana em regulamentar o suicídio assistido em consonância com a sentença da Corte Constitucional de 2019. Apesar da tentativa de impor critérios restritos, setores do governo de Giorgia Meloni resistem frontalmente à legitimação da morte como “direito”. Em artigo publicado no The European Conservative, a analista Hélène de Lauzun resume a tensão: “A Itália vive entre a tentação de legalizar a morte e o chamado a defender a vida“.
Líderes católicos e representantes da tradição conservadora expressam preocupações semelhantes. Ademais, o arcebispo Vincenzo Paglia, presidente da Pontifícia Academia para a Vida, reafirmou que “a eutanásia é sempre uma derrota para a humanidade”. A Igreja Católica defende o fortalecimento dos cuidados paliativos, o acompanhamento espiritual e o amparo aos que sofrem. Mas não uma solução jurídica que legitime a interrupção deliberada da vida.
Também no debate público, juristas e médicos alertam aos perigos implícitos. Pois a eutanásia, apresentada como ato de compaixão, rapidamente transforma-se em política de exclusão. Porém, em especial contra os idosos, os deficientes e os economicamente frágeis. A coalizão Care Not Killing, no Reino Unido, denuncia que legalizar a morte abre espaço para abusos e negligência. Mas principalmente em ambientes onde os pacientes já enfrentam abandono e desvalorização.
Posição do Instituto Visconde de Cairu
Frente a esse cenário, o Instituto Visconde de Cairu reafirma sua posição: a vida é um bem absoluto, não sujeito à conveniência, à dor nem à utilidade social. Em tempos de crise espiritual e ética, preservar a sacralidade da vida humana é mais do que um imperativo moral. Mas uma resistência contra a cultura do descarte.