Chesterton em “Capitalismo e o Distributismo”

As péssimas interpretações do Distributismo de Chesterton e o Capitalismo como ideologia nos afastam d’uma sociedade com Livre Mercado e distante das ditaduras

A maioria das pessoas que fala (e defende) o capitalismo usa o termo como um sinônimo para “livre mercado”. Em contrapartida, os que criticam usam o termo como um sinônimo para outra coisa. Todavia, o livre mercado não pode ser garantido por suas próprias forças. Assim como a democracia não é garantida por si mesma.

No exemplo político, nada impede que uma população eleja um tirano democraticamente. Ademais, geralmente é isso que acontece.

Por isso, o mais comum é falar em “sistema”. E o que se quer dizer com isso? Quer-se dizer que há uma série de estruturas onde uma mantém outras e, neste sentido, o capitalismo é mantido. Porque há livre mercado e propriedade privada (para não mencionar outros fatores).

Capitalismo como Ideologia

A ideia de que o livre mercado, por si, manter-se-á nega a realidade de que a melhor forma de acabar com a concorrência é comprando-na. Ou seja, manter o livre mercado exige outras duas coisas: propriedade privada e livre iniciativa.

Sendo assim, há liberdade para que outros consigam iniciar uma empresa concorrente, e há proteção de que o maior não engolirá o menor. Por isso, inclusive, fala-se de leis antitruste e antimonopólio. Pois objetiva-se, na prática, garantir a liberdade de mercado, a livre iniciativa e a propriedade privada.

Se o competidor é tão forte que não pode-se esperar vencer, podemos realmente falar numa “livre iniciativa”? Por outro lado, não significa que o Estado é responsável, sozinho, por isso. Ideias como os torneios para empreendedores e aspirantes nos quais, ao final, os vencedores recebem incubação e investimento, parecem alternativas válidas.

Comunidade como Base

A base de toda sociedade é a comunidade. Ademais, comunidades nada mais são que famílias que ajudam-se e cooperam. Portanto, estranha-se em pensar que a competitividade impulsiona a humanidade quando a cooperação que permitiu a criação das cidades. E isso considerando o mito evolucionista.

Especificamente, estranha-se pensar que os homens crescem porque competem quando um dos marcos da evolução é o advento da pecuária, que permitiu aumentar a dieta de proteínas e a população. Mas também exigia um trabalho mais organizado.

Grupos de caçadores tendem a ser menores porque a cooperação é difícil. Mas no caso de uma fazenda totalmente manual, o trabalho é tanto que muitas mãos são necessárias. Isso sem falar em especializações.

A mecanização resolve só parte do problema. Porque, na prática, um trator tende a exigir muitas outras pessoas em especializações diferentes que um trabalhador manual. Logo, ilude-se quem pensa que um chip tão complexo tem menos pessoas envolvidas na cadeia de produção que uma fazenda manual.

Talvez seja mais barato, mas é outra discussão.

O Distributismo

Chesterton, pensando nesses e n’outros fatores, defendeu o distributismo. Todavia, as pessoas geralmente entendem esse sistema como uma espécie de social-democracia fabiana, tentando defendê-lo como mistura de capitalismo com socialismo.

Porém, a tese central de Chesterton é que a família deve ter o papel mais forte. Não o Estado ou as Empresas, que devem agir de maneira subsidiária. Ou seja, suprindo as fraquezas da família.

E, acima de tudo, Estado e Empresas Privadas DENTRO da comunidade prevalecem sobre as que estiverem fora.

É preciso ser franco, pois ão se trata de uma questão de município, estado e nação. A nação de Portugal tem ¼ dos habitantes do Estado de São Paulo.

Trata-se de criar as separações comunitárias e subir as instâncias de maneira orgânica. A ideia de escolas e faculdades comunitárias se relaciona com esse princípio. Conquanto se emprega o modelo com vários graus de sucesso nos EUA; inclusive, alguns de clara influência chestertoniana.

Comunidade

Neste contexto, a comunidade garante a propriedade privada e a liberdade de mercado. Inclusive, boicotando determinadas redes de mercado ou serviço, porque vêm para prejudicar a economia local, na medida em que retiram empregos de empreendedores locais.

Uma forma de evitar é simplesmente recusar uma oferta de compra. Afinal, se o McDonalds oferece US$ 1 milhão por sua loja, ela deve valer mais que isso. Contudo, não significa que você, sozinho, terá como alcançar essa riqueza.

Quando a comunidade, por si, não pode, ela ativa as instâncias superiores. E, n’alguns casos, podem ser outras empresas, como os agentes estatais. Por exemplo, a ideia de bolsas oferecidas por empresas privadas nada mais é que consequência desse princípio.

Porém, a lição é clara: a comunidade é a fonte de força, e o indivíduo isolado é fraco. Por isso, o socialismo (ou comunismo, aqui tanto faz) precisa atomizar o indivíduo para ter poder. Todavia, todas as sociedades profundamente capitalistas geram monopólios que lembram a URSS.



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