Adolescentes Assassinos: A Imprensa tem Razão em Culpar um Videogame?

Ao invés de procurar as origens reais do problema… de investigar as causas de adolescentes assassinos, ou que cometem massacres, a imprensa progressista quer bodes expiatórios

O recente caso dos adolescentes assassinos, que mataram os pais e o irmão de um deles, despertou de novo a atenção da mídia (e das autoridades) para os jogos digitais como fonte de violência. O rapaz teve ajuda da namorada no crime, mas a imprensa afirma antes de investigar. Veja: Inspirado por jogo de terror, adolescente que matou a família no RJ agiu com a namorada virtual | VEJA

Acontece que, como destacado pela própria imprensa, jogos violentos não eram o único gosto do jovem. Adolescente que matou família no RJ tinha gostos perturbadores, diz polícia | VEJA. Como sempre, quer-se invocar René Girard e encontrar um bode expiatório como causa dos problemas do jovem casal de assassinos. Porém, é evidente que os problemas não foram causados pelos jogos, filmes ou séries.

Talvez foram causados por um conjunto desses fatores. Entretanto, é mais razoável afirmar que os jovens procuraram esse tipo de conteúdo exatamente porque já possuíam algum problema.

Jogos e Jogos e Violência

Há jogos violentos que causam problemas e há jogos violentos que não causam problemas. E há polêmicas que merecem a repreensão dos jogadores e das autoridades. Por exemplo, Call of Duty Modern Warfare 2 coloca os jogadores na pele de terroristas matando inocentes.

A empresa tentou se defender dizendo que os jogadores podiam não atirar. No entanto, a defesa pegou tão mal, que outra empresa lançou um jogo para mostrar como se faz: Spec Ops: The Line.

A grande polêmica deste título é que o jogador controla um soldado. Mas gradativamente percebe que ele está delirando e os inimigos não são o que aparentam. Porém, a forma dramática como a violência é retratada tende a causar mais trauma que diversão no jogador.

Porém, não é preciso ater-se a títulos de ação em primeira pessoa. Por exemplo, no caso de Mortal Kombat 11, diagnosticaram um dos desenvolvedores com estresse pós-traumático. Pois tamanha era a violência visual com a qual ele trabalhou.

Procurando por Adolescentes Assassinos

Então, antes que se diga o contrário, sim, há jogos problemáticos. Porém, não raro, são mais sintomas de um problema maior, do que a causa. Portanto, é sabendo disso que grupos criminosos procuram jovens em determinados fóruns de determinados jogos. Ou alguém espera que procurem um jovem para assassinar outrem, dentro do fórum de Split Fiction? Ou que esse fórum atraia adolescentes assassinos?

Por isso que parte do controle deve ser paterno. Porém, o estado tem o direito (e até o dever) de banir certos títulos. Agora, culpar todos os jogos indiscriminadamente é um erro.

Uma nota positiva

Há quem diga que a grande questão dos jogos é a violência. Devil May Cry é violento, mas a trama tende a ser infantil. Contudo, não significa que seja recomendável para crianças. Em contrapartida, That Dragon, Cancer, é um dos jogos mais maduros do mercado e não tem violência gráfica. To The Moon então… É um título capaz de fazer uma pedra verter água com a reviravolta emocional final.

Mario Kart, vendido como um jogo infantil, é considerado como razão do fim de amizades (assim como UNO). Em contrapartida, um casal brigado pode se reconciliar com It Takes Two.

A grande questão dos jogos é que, com elementos interativos, conseguem (ou deveriam) traduzir questões narrativas em experiências. A ponto de que o jogador pense “eu fiz” e não “eu vi”. Porém, é fácil perceber que quando um jogador se dispõe a fazer certas coisas ele já passou o limite da sanidade. E, quando desenvolvedores se dispõe oferecer determinadas experiências idem.

E, assim como há casos trágicos, há outros muito positivos.

Um último recado

O último recado é aos pais. Afinal, a maioria dos pais não cresceu com videogames e não tem como saber sequer os meios de controlar os filhos nesse sentido.

Muitas plataformas, como a Steam, possuem informações básicas sobre os títulos exatamente para os pais controlarem o conteúdo que seus filhos acessam. E, n’alguns casos, por mais irônico que pareça, em cinco minutos, é possível saber mais do que um jogador de anos sobre quase qualquer título. Basta uma pesquisa na Wikipédia, para alguns títulos.

O mais importante, porém, é que os jogos tendem refletir o que os filhos experienciam. Ou seja, se a família vai bem, os filhos tendem a ficar longe dos jogos problemáticos. Às vezes, até tendem a ficar longe de jogos em geral.

Isso, destaca-se, é uma tendência, não significa que os pais não devam ficar alertas. Para os que quiserem mais informações, basta contatar o autor, que ele é capaz de ajudar: henrique.weizenmann@ivcairu.org.



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