“Esquerdistas pró-Palestina se tornaram apologistas de uma teocracia islâmica”… Tradução de artigo originalmente publicado no The European Conservative, por Lauren Smith: “The Ignorance of Iran’s Western Cheerleaders”
Não deveria surpreender alguém a decisão da esquerda ocidental em apoiar um regime antissemita, misógino, teocrático e assassino. Quando Israel lançou seu ataque ao Irã na semana passada, a ala pró-Palestina imediatamente começou a aplaudir a República Islâmica do Irã.
Ataques do Movimento Pró-Palestina
O jornalista britânico Owen Jones declarou que Israel havia “lançado uma nova guerra de agressão contra o Irã”. Manifestantes pró-Palestina em Londres agitavam bandeiras iranianas. Em Berlim, manifestantes aplaudiram, comemoraram e tocaram música para celebrar o ataque do Irã contra Israel. Até mesmo líderes europeus, como o primeiro-ministro britânico Keir Starmer e o presidente francês Emmanuel Macron, que apoiaram Israel timidamente, pediram “contenção” de todos os lados.
A justificativa para tal resposta de ativistas, políticos e comentaristas, é a suposta simpatia pelo povo palestino — torcida pelo Irã baseia-se em compaixão pelo sofrimento de civis inocentes, e não em descarada israelofobia. Todavia, essa resposta expôs a falência moral do movimento pró-Palestina. O Irã não é, de forma alguma, uma potência nobre, lutando bravamente em defesa de um povo oprimido. Mas, é um regime teocrático bárbaro e determinado a destruir Israel.
Ações do Regime do Irã contra Israel
Por mais que o governo iraniano tenha declarado em X: “Lembrem-se de que não iniciamos”, isso é patentemente falso. Para começar, a inteligência israelense declarou a descoberta de que o Irã planejava transformar seu urânio enriquecido em arma e que potencialmente teria a capacidade de produzir 50 bombas nucleares. O Irã também já havia lançado quase 200 mísseis balísticos diretamente contra Israel em outubro. E foi, não nos esqueçamos, o Irã que ajudou a iniciar a guerra de Israel contra o Hamas em primeiro lugar.
O Hamas é um dos muitos representantes iranianos que operam na região, assim como o Hezbollah no Líbano e os Houthis no Iêmen. E foram, é claro, os combatentes do Hamas apoiados pelo Irã que executaram o estupro em massa, o assassinato, a tortura e o sequestro em 7 de outubro de 2023.
A Ideologia da Revolução Iraniana
O regime iraniano é alimentado por um ódio vil e antissemita. Pois, ele reiterou repetidamente sua intenção expressa de varrer Israel — e, sem dúvida, por extensão, o povo judeu — da face da Terra. O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, descreveu Israel recentemente, em 2020, como um “tumor cancerígeno” que “sem dúvida será arrancado e destruído”.
Isso ecoa o sentimento do ex-presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad — que também negava o Holocausto — de que a “entidade sionista” deveria ser “apagada das páginas da história”. Este é exatamente o projeto que o Hamas iniciou com o pogrom de 7 de outubro.
É precisamente por isso que a torcida pelo Irã no Ocidente é tão sinistra e tão indefensável. Mas também é evidente que os ativistas “pró-Palestina” europeus e americanos não têm a mínima ideia de para que estão torcendo. A suposição, compreensiva, é que eles não devem perceber que este é o mesmo regime que literalmente mata mulheres por não usarem hijabs em espaços públicos.
Mahsa Amini e os Direitos da Mulheres
Lembram-se de Mahsa Amini? Ela era a mulher de 22 anos que tinha grande probabilidade de ter sido morta em consequência da brutalidade policial, após ser presa pela chamada Polícia da Moralidade do Irã em 2022. A detiveram, espancaram severamente, e ela morreu pelo “crime” de usar o véu incorretamente.
Lembre-se também dos protestos que eclodiram em todo o Irã após a morte de Amini. Os iranianos foram às ruas para protestar contra as leis medievais e misóginas do Irã e para exigir “vida e liberdade”.
Isso desencadeou a maior revolta generalizada no país desde a Revolução Islâmica de 1979, e uma repressão brutal. Acredita-se que mais de 550 manifestantes foram mortos em confrontos com a polícia, incluindo 68 crianças. Mas este Estado, segundo a multidão delirante pró-Palestina, é o “mocinho” no conflito entre Israel e o Irã.
É claro que as mulheres não são as únicas vítimas do regime repressivo do Irã. Punem severamente toda e qualquer forma de dissidência. Prisioneiros políticos, freqüentemente, morrem em circunstâncias suspeitas e condições precárias. A idade legal para o casamento é 13 anos (meninas) e 15 anos (meninos). Ou seja, ao contrário de Israel, onde Tel Aviv continua famosa por ‘parada gay’, a homossexualidade é punível com a morte no Irã. Até estrangeiros são sequestrados e condenados à morte.
Narrativa do Absurdo
Caracterizar o Irã como líder de uma resistência corajosa contra um Estado supostamente opressor é completamente delirante. O Irã é o opressor. É a própria antítese de tudo com que os progressistas ocidentais afirmam se importar. Não há mundo em que se possa defender com credibilidade os direitos humanos, os direitos das mulheres ou as liberdades democráticas e, ao mesmo tempo, celebrar ou desculpar as ações da República Islâmica. Mas esse é exatamente o tipo de ginástica mental que estamos vendo, sendo realizada nas ruas das cidades europeias e nos jornais.
É difícil imaginar outra explicação para o flerte da esquerda com o Irã além do ódio a Israel. Contudo, é certamente revelador que a esquerda opte por apoiar uma teocracia literalmente autocrática, antissemita e que odeia mulheres, em vez do único Estado judeu do mundo e da única democracia estável no Oriente Médio. Mas esta é claramente a reação impulsiva de um movimento que odeia Israel muito mais do que se importa com os palestinos. Mas também revela, suspeita-se, o cheiro de algo nitidamente mais antissemita.
A multidão pró-Palestina está cega demais pelo ódio a Israel para perceber que defende um regime que provavelmente aprisionaria e potencialmente até mataria um grande número de pessoas de suas fileiras. Se “Queers pela Palestina” era um conceito desconcertante, certamente “Ocidentais pelo Irã” é ainda mais absurdo. Em uma tentativa desesperada de retratar Israel como o vilão supremo, ativistas progressistas estão flertando com um Estado que executa gays e brutaliza mulheres por mostrarem o cabelo. Se isso não deixar bem claro que a esquerda pró-Palestina não se importa de fato com a Palestina, nada o fará.
Tradução de Roberto Lacerda Barricelli do artigo “The Ignorance of Iran’s Western Cheerleaders“
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