A Guerra Civil Aproxima-se em EUA e Europa

Uma das principais condições que o professor David Betz, do King’s College, diz que leva à guerra civil: uma elite radicalmente desconectada das massas

“A guerra civil está chegando”, disse David Betz a uma plateia em Budapeste na noite de quinta-feira. E mais tarde: “Desculpe. Mas não acredito que haja uma solução pacífica neste momento.”. Betz deve saber. Afinal, é professor e chefe do departamento de estudos de guerra do King’s College Londo. Assim como especialista acadêmico em guerra civil. Há anos escreve que todas as condições para a eclosão de uma guerra civil encontram-se reunidas na maioria dos países ocidentais; basta uma faísca. 

Análise de Betz

A mensagem de Betz ganhou muito mais atenção este ano, graças a entrevistas em podcast. Por exemplo, concedida ao Harrison Pitt, do European Conservative O que torna seus alertas especialmente assustadores é que os profere com calma, guiado por dados e análise lógica. Isto é, muito longe d’um apocalíptico de olhos arregalados gritando numa esquina.  

Por “guerra civil”, Betz não refere-se a dois exércitos uniformizados em confronto, mas ao caos violento, como o ocorrido na Irlanda do Norte durante o período de conflitos. Ou nos “Anos de Chumbo” da Itália, ou no cataclismo que assolou a Iugoslávia na desintegração. Porém, também alertou os habitantes de Budapeste de que qualquer pessoa que deleite-se com a chegada d’uma guerra civil para resolver as coisas não tem a mínima ideia do que fala. Pois previu que milhões morrerão na Europa e outros milhões deslocar-se-ão à força, inclusive por meio de deportação.

Betz fala principalmente sobre as perspectivas de guerra civil na Grã-Bretanha e na Europa continental. Mas sua análise também abrange os Estados Unidos, onde a guerra civil aproximouse muito mais devido ao assassinato do ativista conservador Charlie Kirk. 

Assassinato de Kirk: Faísca para a Guerra Civil Americana II?

Kirk (31 anos), não era político, mas defensor surpreendentemente eficaz dos valores conservadores tradicionais. Promovendo-os principalmente indo a campi universitários e debatendo com pessoas que discordavam. Kirk, homem alegre, inflexível no conservadorismo, mas respeitoso com oponentes, era amado por inúmeros homens e mulheres de sua jovem geração. 

E alguém matou-o a tiros na frente da esposa e dos filhos pequenos pelo crime de fazer o que todo cidadão numa democracia deveria: debater questões pacificamente em público. Quando um liberal certa vez lhe perguntou por que visitava campi universitários para debater com esquerdistas, Kirk respondeu: “Quando paramos de conversar e discutir nossas diferenças, é quando as pessoas recorrem à violência, e tento evitar isso.”

O assassinato de Kirk provavelmente será um ponto de virada aos EUA. Por quê? Porque agora resta inegavelmente claro que há muitas, muitas pessoas nos EUA dispostas a matar outras por acreditarem no mesmo tipo de coisas normais e conservadoras que Charlie Kirk. Ademais, as redes sociais de esquerdistas estavam repletas de comentários e vídeos de pessoas celebrando a morte de Kirk. Algumas dessas pessoas eram professores, enfermeiros e até soldados americanos. 

Divisão Americana

Nós, americanos, somos duas nações. O resto de nós não é como eles, aqueles demônios. Descobertas preliminares da polícia federal indicam que um rifle e munição encontrados descartados perto do local do assassinato de Kirk tinham marcas pró-Antifa. Se confirmado, ninguém poderá surpreender-se.

É isso que os EUA tornaram-se. Uma amiga desesperada enviou-me mensagem na quinta-feira, dizendo que pensava em mandar sua filhinha à escola cristã. Mas agora tem medo de torná-la alvo de terroristas trans; e Charlie Kirk era um cristão evangélico. O filho da minha amiga frequentou a Covenant School em Nashville, em 2023 palco d’um massacre de crianças e professores por um ex-aluno transgênero. Algumas semanas atrás, um jovem que identificou-se como trans abriu fogo contra uma igreja católica onde alunos estavam na missa, matando alguns.

Minha amiga teme que transgêneros militantes tenham declarado temporada de caça aos cristãos. Pode-se dizer que ela exagera — afinal, os EUA são um país grande —, mas a filha dela, de oito anos, perdeu duas de suas melhores amigas na Covenant. Logo, não é uma ameaça abstrata para aquela família.

Mais uma vez: quando percebe que compartilha um país com milhões de maníacos ideológicos que ficariam felizes em vê-lo assassinado por ser cristão ou conservador, isso transforma. O endurece. Então, perceberá que David Betz acertou: não resolveremos nossas diferenças por meio da política. Charlie Kirk tentou isso, e eles o mataram, e aplaudiram seu assassinato.

Trump contra a Antifa e a Agenda Trans

Felizmente, os Estados Unidos são governados por um presidente forte, amigo pessoal de Kirk, que dificilmente fará o que nossos políticos costumam fazer. Ou seja, somente emitir declaração pública dizendo o quão triste tudo é, e seguir em frente. Donald Trump, com o apoio do Congresso Republicano, provavelmente entrará em guerra contra a Antifa e o transgenerismo em todas as suas formas. 

Agora está claro que trans é uma doença mental. Obviamente, a grande maioria das pessoas trans não são assassinas, nem aspirantes a assassinas. Conquanto são pessoas com doenças mentais que merecem compaixão e tratamento psiquiátrico. Mas o fenômeno trans acolheu um número incontável de pessoas com doenças mentais que encontraram nele uma identidade. Permitindo-lhes valorizar sua psicopatia e usá-la como arma contra pessoas normais. 

Todo o establishment americano — médico, midiático, corporativo e político — entregou-se à adoção da narrativa trans, incluindo o conjunto insano de ideias que chamamos de “ideologia de gênero”, Assim como à sua imposição a americanos relutantes. Isso precisa acabar, e precisa acabar agora. Não na semana que vem, nem no ano que vem: agora.

Da mesma forma, a tolerância à Antifa e sua violência precisa acabar. Trump deve pressionar o governo federal contra a Antifa, da mesma forma que uma geração anterior de líderes usou o FBI para esmagar a Ku Klux Klan. 

Seria um começo. Mas será suficiente? Duvido

Quando o criminoso condenado George Floyd (negro) morreu nas mãos d’um policial (branco) em 2020, revoltas esquerdistas incendiaram as cidades. Instituições do establishment se revoltaram à sua maneira civilizada. Sendo assim, instituíram programas de reeducação ideológica e estratégias para demonizar os brancos, em nome da “justiça racial”. 

Aqueles que amavam Charlie Kirk não revoltaram-se, mas s saíram em público e rezaram. Pois não somos como eles.

Seria ótimo se os mesmos líderes institucionais que perderam a cabeça por causa de George Floyd agora usassem o assassinato de Kirk como oportunidade para reafirmar valores americanos básicos. Como liberdade de expressão, debate aberto, tolerância às diferenças políticas e religiosas e todas as coisas, na memória recente, ensinadas como valores americanos fundamentais.

Não creio que o façam. Espero estar errado, mas acho que essas elites permanecem imersas no pensamento sectário da esquerda. E esta, note bem, é uma das principais condições que, segundo Betz, leva à guerra civil: uma elite radicalmente desconectada das massas. 

A Radicalização da Esquerda pode gerar a Guerra Civil com uma ‘extrema-direita’

Se, Deus nos livre, uma guerra civil chegar aos Estados Unidos, não será pelos seguidores de Charlie Kirk. Será, em parte, pelos jovens brancos na ‘extrema-direita’ — nacionalistas brancos e antissemitas, cujo número cresce — concluindo que a única maneira de lidar com a crise é pela violência. Conheço pessoalmente pais americanos — cristãos conservadores — tentando desradicalizar seus filhos. Mas não está funcionando. 

Pelo menos os EUA têm uma liderança política — o governo Trump — comprometida em combater o extremismo de esquerda. A Europa não: quase todos os países (a Hungria é exceção bem-vinda) são governados por uma classe globalista transnacional, vendo próprio povo, farto, como o problema. A Lei de Serviços Digitais da União Europeia, quando totalmente implementada, sem dúvida usarão para reprimir o europeuscomum. Isto é, que simplesmente quer manifestar-se contra a destruição de sua própria nação.

Em sua palestra em Budapeste, Betz alertou que basta uma pequena faísca para desencadear uma guerra civil. Pouco antes da catástrofe iugoslava, disse, a esmagadora maioria dos iugoslavos entrevistados afirmou que davam-se bem com seus concidadãos de diferentes etnias e religiões. Num piscar de olhos, estavam em guerra.

Martin Erlic

No mesmo dia, um croata chamado Martin Erlic fez uma observação semelhante. Vale a pena citá-lo na íntegra:

Guerra Civil à Porta

É isso que todos nós podemos enfrentar, e mais cedo do que imaginamos. Estes dias parecem como se imagina que sentiram-se na Europa no verão de 1914, à beira da guerra suicida que praticamente derrubou nossa civilização. Betz, o especialista em guerra civil, medicado com pílulas pretas, teme isso. Contudo, acha que não há saída neste momento. Temos que torcer e rezar para que esteja errado. Mas esperanças e orações não são uma estratégia. Nada é inevitável. O que nós — europeus e americanos — fazemos para combater a chegada da nossa própria destruição?

Quantos mais Charlie Kirks — ou Samuel Patys, Padre Jacques Hamels, vítimas inglesas de gangues de estupro muçulmanas paquistanesas. Ou mais frequentadores do Bataclan, passageiros do transporte público de Londres e frequentadores de shows em Manchester — morrerão, antes d’uma guerra aberta? 

Publicado originalmente em The European Conservative, sob o título “Civil War Approaches“. Traduzido por Roberto Lacerda Barricelli



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