Aqueles da esquerda que regozijam-se com o assassinato de Charlie Kirk se encontrando na ponta afiada da cultura do cancelamento. Mas a direita não deve esquecer-se dos perigos de sufocar a liberdade de expressão
A situação finalmente mudou! Pois a esquerda experimenta do próprio remédio, sendo demitidos, expulsos e punidos de outras maneiras pelo que dizem online. Por exemplo, nesta semana demitiram Karen Attiah de seu cargo de colunista no Washington Post. Chefes aparentemente chamaram seus comentários no Bluesky sobre o assassinato do ativista conservador Charlie Kirk de “inaceitáveis”. Pouco depois de assassinarem Kirk a tiros durante uma palestra na Universidade de Utah Valley, Attiah recorreu às redes sociais para expressar o quanto não abalou-se com assassinato político em solo americano.
Numa publicação, escreveu: “Recusar-me a rasgar minhas roupas e espalhar cinzas no meu rosto em luto performático por um homem branco que defendeu a violência não é… a mesma coisa que violência”. N’outra, reclamou que “parte do que mantém os Estados Unidos tão violentos é a insistência em que as pessoas demonstrem cuidado, bondade vazia e absolvição por homens brancos que defendem o ódio e a violência”.
Esquerda Salivou pelo Snague de Kirk
Por essas e outras observações semelhantes, Attiah perdeu o emprego. Mesmo assim, continua impenitente, escrevendo em seu Substack, após o ocorrido, que seus “valores morais” a levaram a recusar-se a fazer um “luto falso” por Kirk. Que, para ela, “atacava mulheres negras rotineiramente“.
Attiah não é a única esquerdista a meter-se em encrenca por reagir com alegria ao assassinato de Kirk. Conquanto prenderam estudante da Universidade Tecnológica do Texas após flagrada dançando em frente a uma vigília em homenagem a Kirk. Mas também gritando “Foda-se, mano, morto, elevou um tiro na cabeça”. Uma participante alegou que também gritou palavrões para os enlutados e acusou-os de serem “fascistas”. Então, teria empurrado várias pessoas, incluindo um veterano idoso e uma jovem mãe com seu filho. Parece que também a expulsaram da universidade. A Universidade Clemson, na Carolina do Sul, demitiu um membro do corpo docente e suspendeu outros dois por postagens nas redes sociais que supostamente celebravam a morte de Kirk.
Educadores do Ódio?
O número de educadores flagrados zombando de Kirk preocupa. Só no Texas, denunciou-se mais de cem professores por supostas declarações online Logo, agora enfrentam suspensão, medidas disciplinares e, potencialmente, até a perda de seus certificados de ensino. Vários já perderam seus empregos por causa disso. D’outro lado da fronteira, no Canadá, suspenderam um professor d’uma escola primária de Toronto após supostamente mostrar trecho do vídeo do assassinato de Kirk para alunos de 10 e 11 anos. Assim como dizer à turma que ele merecia ser morto. Os pais, compreensivelmente, fizeram um estardalhaço, e a escola afastou o professor posteriormente.
Nem mesmo as Forças Armadas estão a salvo de seus membros se vangloriarem abertamente do assassinato de Kirk. O Pentágono suspendeu o coronel do Exército Scott Stephens depois que escreveu no Facebook que “Charlie fazia o que mais amava — espalhando ódio, racismo, homofobia, misoginia e transfobia nos campi universitários”. Da mesma forma, também suspenderam o major da reserva do Exército Bryan Bintliff, quando descobriu-se que comemorou online o assassinato de Kirk. Escrevendo sob um pseudônimo, disse: “Um monstro morreu hoje. É triste que os filhos de Charlie fiquem traumatizados para o resto da vida, mas não é triste que esteja morto”.
Mesmo aqui no Reino Unido, aqueles que acham que não há problema em comemorar a morte de seus inimigos políticos encontram-se na ponta afiada da cultura do cancelamento. George Abaraonye, o novo presidente da Oxford Union, enfrenta voto de desconfiança e processo disciplinar por comemorar o assassinato de Kirk. Quando a notícia de que atacaram Kirk surgiu, Abaraonye enviou mensagem para um grupo de bate-papo: “Charlie Kirk levou um tiro, vamos embora”. Abaroanye havia debatido com Kirk na Oxford Union apenas alguns meses antes.
Remédio contra a própria Esquerda
Algumas das mais repugnantes exibições vieram de Bob Vylan, dupla medíocre de rap do Reino Unido, mais famosa por canalhice do que fazer música. No último sábado, durante show em Amsterdã, o vocalista do grupo, Bobby Vylan, dedicou uma das músicas a Kirk. Aliás, chamando-o de “absoluto pedaço de m**da de ser humano”. À plateia, disse: “Os pronomes eram/eram. Porque se você falar m**da, será fodido. Descanse na p***, Charlie Kirk, seu pedaço de m**da”. Vylan também liderou a multidão num canto de “F**se os fascistas, f**se os sionistas. Vá encontrá-los nas ruas”. Em resposta, a apresentação do grupo em Tilburg, originalmente marcada para esta noite, acabou cancelada pelo local.
A ironia é que a direita enfrenta esse tipo de cancelamento há quase uma década. Os conservadores vivem com medo de perder seus empregos, serem expulsos de suas escolas ou terem suas vidas arruinadas por expressarem opiniões online. Abaraonye e Vylan podem achar injusto serem punidos por seu discurso, mas os direitistas já passaram por situações muito piores e por muito mais tempo aqui no Reino Unido. Pois basta olhar para Lucy Connolly, condenada a 31 meses de prisão por um tuíte. Muitos outros tiveram a polícia batendo em suas casas por afirmarem que homens não podem tornar-se mulheres ou que o Reino Unido tem problema de antissemitismo.
Ninguém na esquerda deveria surpreender-se com o que acontece. A ameaça de cancelamento mantêm-se há muito tempo sobre qualquer um que ouse manifestar-se contra a agenda de sesquerda. Por exemplo, contra a ideologia de gênero, a teoria crítica da raça, as mudanças climáticas ou qualquer outra causa da moda. Universidades, a mídia, o sistema de justiça e praticamente todas as instituições culturais encontram-se dominadas por pessoas que eram devotas ao wokeness, ou pelo menos dispostas a fingir.
Cultura do Cancelamento é Positiva?
Assim sendo, arruinaram as vidas das pessoas por publicamente (ou mesmo, n’alguns casos, privadamente) manter crenças muito mais brandas do que a maioria dos esquerdistas sanguinários que celebravam o assassinato de Kirk. Agora Donald Trump retornou ao poder e seu governo é composto por jovens e vingativos devotos do MAGA. Por isso, não admira-se que usem esse poder para fazer pessoas serem demitidas, presas e até deportadas.
Nada disso significa que esse recente desenvolvimento na cultura do cancelamento seja necessariamente algo positivo. Geralmente, nunca é sinal d’uma sociedade saudável ou positiva quando suas crenças — por mais grosseiras, odiosas ou vis — resultam em seu nome completo, endereço, número de telefone e local de trabalho divulgados nas redes sociais. Como todos da direita sabem, sempre que tornar-se aceitável demitir alguém por suas crenças, essa norma não desaparecerá quando seus inimigos chegarem ao poder.
A Procuradora-Geral Pam Bondi parece ter-se esquecido disso. Falando no Podcast Katie Miller esta semana, Bondi regurgitou a mesma frase que a esquerda repete há anos: “Existe a liberdade de expressão e existe o discurso de ódio”. Respondendo à reação negativa resultante, escreveu no X:
Discurso de ódio que ultrapassa os limites das ameaças de violência NÃO é protegido pela Primeira Emenda. É crime. Por muito tempo, assistimos à esquerda radical normalizar ameaças, incitar assassinatos e aplaudir a violência política. Essa era acabou.
Direita não deve seguir o caminho da Esquerda
Seria um erro grave da direita seguir esse caminho, especialmente porque sabemos muito bem aonde ele leva. Se você valoriza a liberdade de expressão, é vital defender esse direito, mesmo àqueles com quem discorda. A liberdade de expressão deve ser para todos, ou não será para ninguém. Como o próprio Charlie Kirk disse certa vez:
O discurso de ódio não existe legalmente nos Estados Unidos. Existe discurso feio. Existe discurso grosseiro. Existe discurso perverso. E TUDO isso é protegido pela Primeira Emenda.
Dito isso, o fato de a esquerda finalmente experimentar o próprio veneno pode resultar em algo ainda mais frutífero. Pois as mesmas pessoas que comemoraram por sangue quando privaram outros de seus meios de subsistência agora sabem como é isso. E não é bom, não é? O melhor resultado possível para todos é chegarmos numa espécie de impasse. Ou seja, ambos os lados já sabem que podem destruir o outro. Mas também deveriam saber que não precisamos viver assim. Ou seja, com o medo constante do cancelamento sufocando. Portanto, se concordarmos em depor as armas, todos terão suas vozes de volta. Que tal uma trégua?
Publicado originalmente em The European Conservative, sob o título “The Left Is Getting a Taste of Its Own Medicine“. Traduzido por Roberto Lacerda Barricelli.