Conheça a história de Harriet Quimby (1875–1912), aviadora e com espírito de piloto pioneiro entre as mulheres da aviação
A aviadora mais conhecida (“aviadora”, no jargão antigo) é, sem dúvida, Amelia Earhart. Piloto pioneiro e recordista e a primeira mulher a cruzar o Atlântico em voo solo. Mas acredita-se que morreu em 1937 no Pacífico, enquanto tentava circunavegar o globo.
A Piloto Pioneiro antes das Pioneiras
Mas antes de Amelia Earhart, houve Neta Snook, que a ensinou a pilotar. E antes de Snook, Bessie Coleman, a primeira mulher negra do mundo e a primeira indígena americana a obter licença de piloto. Assim sendo, saiba mais sobre Snook e Coleman nas leituras sugeridas abaixo.
E antes dessas três mulheres, houve Harriet Quimby, nascida em Michigan. Há cento e quatorze anos — em 1º de agosto de 1911 — ela fez história. Ainda não haviam se passado oito anos desde que os irmãos Wright voaram pela primeira vez.
Uma fonte em Burbank, Califórnia, serve como santuário para Quimby. Ademais, a placa na fonte diz o seguinte:
Harriet Quimby tornou-se a primeira mulher piloto licenciada nos Estados Unidos em 1º de agosto de 1911. Em 16 de abril de 1912, foi a primeira mulher a pilotar um avião através do Canal da Mancha. Ela apontou o caminho para futuras pilotos, incluindo sua amiga, Matilde Moisant, enterrada no Portal das Asas Dobradas. O número de mulheres piloto licenciadas aumentou para 200 em 1930 e entre 700 e 800 em 1935.
Artigo de Quimby
No mesmo mês em que a jornalista Quimby obteve sua licença de piloto, também escreveu um artigo no Leslie’s Illustrated Weekly intitulado “Os perigos de voar e como evitá-los”. No qual lia-se:
Toda nova invenção digna de nota passa por sua própria experiência desafiadora. Alguns se recusaram a embarcar no primeiro barco a vapor porque tinham certeza de que a caldeira explodiria. Outros se opuseram veementemente à construção da primeira ferrovia, alegando que seria mortal operar trens em alta velocidade. Alguns fazendeiros veteranos insistiam que seria impossível manter as vacas fora dos trilhos e levavam a sério a ideia.
Quimby prosseguiu, apontando que os temores que acompanhavam essas novas invenções se mostraram, em grande parte, infundados. Pois na época, apesar de alguns acidentes, pessoas em grande número e segurança viajavam em barcos a vapor e ferrovias.
Mais adiante, escreveu algumas linhas que meses depois pareciam assustadoramente proféticas:
As fatalidades no ar ocorrem tão rápida e inesperadamente, e o fim é tão repentino que a causa da catástrofe fica obviamente por conjecturar, de modo que temos tantas causas quanto conjecturas. Nenhuma delas pode estar correta. O aviador que cai 300 metros ou mais raramente sobrevive para contar seu infortúnio.
Fatalidade Abate a Piloto Pioneiro
Em 1º de julho de 1912, Quimby participou de uma competição de aviação em Massachusetts. Todavia, o organizador do evento a acompanhou, um homem chamado William AP Willard. De repente, e por algum motivo jamais descoberto, o avião arfou violentamente. Logo, ejetou tanto Quimby como Willard. Assim sendo, ambos caíram para a morte, d’uma altitude de 300 metros; a mesma à qual referiu-se em seu artigo no ano anterior. Quimby tinha somente 37 anos.
Alguns dirão que Harriet Quimby jamais deveria decolar. Pois voar em aviões menos de uma década após sua invenção era imensamente perigoso. Portanto, por que assumir riscos desnecessários?
Harriet Quimby sabia que voar era uma empreitada arriscada e até escreveu sobre isso. Mas perseguiu seu sonho. É precisamente esse o espírito que anima toda jornada que vale a pena rumo ao desconhecido. Não sei quanto a você, mas sou profundamente grato por isso. Pois se os humanos sempre ansiassem por segurança em vez de incerteza, talvez jamais nos aventurássemos a sair da caverna.
Destemida
Pelo que aprendi sobre Harriet Quimby, era destemida e incansável. Aliás, “Fearless” (Sem Medo ) está no título d’uma biografia dela. Acho que adoraria os seguintes versos do popular poeta americano Edgar Guest, intitulados “Don’t Quit” (Não Desista):
Quando as coisas dão errado, como às vezes acontece, quando a estrada que trilhas parece só subida;
Quando os fundos estão baixos e as dívidas altas, e quer sorrir, mas tem que suspirar;
Quando a preocupação pressiona você um pouco, descanse se preciso, mas não desista.
A vida é estranha, com suas reviravoltas, como todos nós aprendemos às vezes. E muitos se arrependem quando poderiam vencer se persistissem.
Não desista, mesmo que o ritmo pareça lento. Você pode vencer com outro golpe.
Muitas vezes, o objetivo está mais perto do que parece para um homem fraco e vacilante; muitas vezes, o lutador desistiu quando poderia conquistar a taça da vitória; e aprendeu tarde demais, quando a noite chegou, o quão perto estava da coroa de ouro.
O sucesso é o fracasso virado do avesso — o tom prateado das nuvens da dúvida. E quando você nunca sabe o quão perto está, pode estar perto quando parece distante.
Então, continue lutando quando você for mais atingido — é quando as coisas parecem piores, você não deve desistir.
Leitura Adicional
- A Vida Incomum de Bessie Coleman, de Lawrence W. Reed
- Neta Snook: A Mulher que Ensinou Amelia Earhart a Voar, de Lawrence W. Reed
- Lições do Primeiro Avião por Lawrence W. Reed
- A vida glamorosa e cheia de adrenalina de Harriet Quimby, de Katrina Gulliver
- Os perigos de voar e como evitá-los por Harriet Quimby
- Edgar Guest: Lembrando o Poeta do Povo, por Lawrence W. Reed
- Sem Medo: Harriet Quimby, Uma Vida Sem Limites, de Don Dahler
- Harriet Quimby: A Bela Dama Voadora, de Leslie Ker
Artigo publicado originalmente em FEE, sob o título “The Spirit of a Pioneering Pilot“. Traduzido por Samara Oliveira Barricelli.