O professor Olavo de Carvalho deixou vasta obra sobre formação e deformação do imaginário, a partir da qual explica-se esses fenômenos, mas principalmente na cultura
O problema do analfabetismo funcional está muito bem documentado em várias aulas do falecido professor Olavo de Carvalho e por muitos de seus alunos. Porém, muitos parecem não ter a humildade para reconhecer que, d’alguma forma, devem participar nas mazelas da nação. E isso significa que muitos não admitem o próprio analfabetismo naquilo em que é aplicável.
Coisas Visíveis e Invisíveis
A analogia é tola e será corrigida na sequência. Mas ilustra a questão: quando alguns pegam exemplos da física e passam para a moral, com a velha frase “toda ação tem uma reação”, demonstram sua ignorância de moralidade. Isto é, na prática, defendem aquilo que se chama de “karma”.
Nem sempre é assim e há casos nos quais as pessoas, por terem uma boa noção filosófica, conseguem perceber os erros toscos nos argumentos bobos. Mas nem sempre significa que essas pessoas tenham um profundo conhecimento de filosofia.
Por isso, quando se fala em “formação do imaginário”, é preciso sempre reforçar a lição tomista de que o ser humano alcança as coisas invisíveis através das coisas visíveis. O que é dizer que o conceito nunca está separado de uma imagem.
E isso é particularmente válido para palavras que designam coisas concretas, como “cadeira” e “cachorro”. Acontece que a imagem de uma cadeira e de um cachorro sempre vem acompanhada do conceito. Caso o sujeito nunca tenha visto, ele irá formar uma imagem para si. Obviamente, pode abstrair-se a imagem. Porém, significa usar a inteligência e requer esforço.
Formação e Deformação do Imaginário
Sendo assim, a formação do imaginário é entender quais as imagens surgem à mente das pessoas quando elas falam sobre coisas abstratas. Ou seja, para alguns, “justiça” implica “garantismo” e, para outros, “bandido morto”.
Porém, ao contrário, muitos brasileiros se perdem em cacofonias de virtudes que só conseguem existir em animes. Porque a prática da virtude exige a proteção de Atena e uma armadura de ouro.
Estudos filosóficos, nesse sentido, são mais exigentes. Pois há uma necessidade de conhecer, com alguma profundidade, os gregos. Pois até os autores que deles discordam fazem referência a eles.
Todavia, não significa perder a vida refazendo o trabalho de Santo Tomás de Aquino (ainda mais para chegar nas conclusões contrárias). Porém, significa que a mente, o imaginário particular, deve familiarizar-se com as imagens que o autor tinha quando escrevia os conceitos. Ademais, não raro, muitas dessas imagens até são apresentadas nas obras de alguma forma ou de outra.
A Perda do Juízo
O relevante a compreender é que não trata-se de formar o imaginário no sentido de juntar várias imagens dissociadas de conceitos. É preciso fazer juízos lógico, depois moral e, por fim, estético. E o juízo é uma faculdade da razão.
E porque há muitos analfabetos funcionais que não reconhecem o próprio analfabetismo que há burros ensinando outros burros. Porque trata-se de pessoas que alcançaram as imagens, mas não os conceitos.
Com o detalhe de que a capacidade de copiar a aparência de algo não significa a capacidade de copiar algo. Por isso, engenharia reversa é tão difícil. E, no caso de quadros, é impossível fazer certas cópias sem conhecimento das técnicas. Conquanto a técnica só se revela a quem tem inteligência. Ou seja, aquele que é capaz de ver o interior de uma obra e não smente sua aparência.
Encerrando a Deformação do Imaginário com Exemplos
Os filmes mais belos, tecnicamente, podem deformar o imaginário de qualquer pessoa que não atente para o fato de que algo é possível ou não. Evidente que a pessoa pode divertir-se com aquilo que é irreal. Porém, ela precisa saber que é irreal. No caso de filmes históricos, ou inspirados, é preciso saber o que é história e o que não é.
Há várias obras defendidas como “modelos” e que ignoram-se os erros cometidos. Por exemplo, “300” e “A Morte de Stalin”. Ao mesmo tempo, alguns querem ignorar obras fantásticas que trazem lições reais, como O Lorax. Poucos filmes são tão hábeis em apresentar a estupidez d’um rapaz apaixonado.
O irreal, neste caso, está à serviço do real. Portanto, forma o imaginário. Mas, ao mesmo tempo, alguns fazem o contrário e usam do real para levar ao irreal e deformam. Logo, é preciso resgatar as lições carvalhanas e a obra “A Formação do Imaginário”, de Olavo de Carvalho, pode ajudar.

 
                                     
                                     
                                     
                                     
                

 
                                 
                                 
                                 
                             
                             
                            