Se as crianças demonstram não precisar do Adderall durante as férias, mas somente no retorno às aulas, então a escolaridade padrão é o verdadeiro problema
É época de volta às aulas, o que gera preocupações sobre uma maior escassez de medicamentos para tratar o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). No outono passado, a Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA) declarou escassez nacional de Adderall, um medicamento popular para TDAH. Espera-se que essa escassez agrave-se. Pois, conforme a CNBC: “Muitas crianças e jovens adultos com TDAH costumam tirar férias de verão sem tomar medicamentos e dependem deles principalmente durante o ano letivo. Portanto, podendo levar a aumento da demanda nos próximos meses, que ptalvez não atendam. Historicamente, as prescrições de medicamentos para TDAH aumentam com o início do semestre letivo nos EUA”.
O CDC estima que mais de 6 milhões de crianças foram diagnosticadas com TDAH, e 60% delas recebem medicação para a doença. Porém, muitas crianças não precisam do Adderall, ou qualquer medicação para TDAH durante o verão. Mas retomam o uso desses poderosos psicotrópicos no início do ano letivo. Logo, devemos soar o alarme. A escolaridade é o problema.
O que significa ter TDAH?
De fato, como afirma o Dr. Peter Gray, professor de psicologia do Boston College: “O que significa ter TDAH? Isto é, basicamente, a incapacidade de adaptar-se às condições da educação tradicional”.
Dr. Gray ralizou pesquisa com crianças diagnosticadas com TDAH e que abandonaram a sala de aula convencional para estudar em casa e em ambientes de aprendizagem não convencionais. Porém descobriu que suas características e comportamentos de TDAH problemáticos acabaram e a maioria das crianças não precisava mais de medicação. Ademais, particularmente verdadeiro se essas crianças aprendessem em ambientes educacionais mais autodirigidos, que evitassem intencionalmente as armadilhas da escola tradicional.
A BreakOut School
Este tópico é tão importante que recomendo fortemente que você ouça meu podcast com Dal “Doc” Richardson, que fundou a BreakOut School no Condado de Utah, Utah. Especificamente para crianças com TDAH e diagnósticos relacionados. Richardson é doutor em farmácia e trabalhou como farmacêutico comunitário por 20 anos antes de decidir empreender na área da educação. Pois preocupava-se com a incapacidade de crianças — e especialmente meninos — com TDAH de desenvolverem-se numa sala de aula convencional.
“Muitas das famílias que frequentam a BreakOut School estão simplesmente desesperadas”, disse Richardson. “Elas descobrem que esse sistema tenta enfiar o pino quadrado naquele buraco redondo e tudo o que veem são estilhaços surgindo”.
Richardson fundou a BreakOut School em 2019 como uma microescola ao ar livre, semelhante ao modelo de “escola na floresta”, e oferecendo amplas oportunidades de movimento e de brincadeiras sem restrições. Assim como atividades acadêmicas essenciais. Aliás, observou resultados extraordinários em seus alunos, tanto acadêmicas quanto emocionais.
A Escassez de Adderall
Do ponto de vista econômico, deveríamos preocupar-nos com a escassez de Adderall, que provavelmente deve-se, em parte, às diversas cotas impostas aos fabricantes pela Agência Antidrogas dos EUA (DEA). A DEA regula narcóticos e substâncias controladas como o Adderall. Essa escassez provavelmente não existiria num mercado livre, sem a interferência do governo.
Do ponto de vista educacional, deveríamos preocupar-nos ainda mais os com a escassez de Adderall nesta temporada de volta às aulas. Conquanto sinaliza o uso de Adderall para equipar as crianças a “adaptarem-se às condições da educação padrão”, sem questionar se é ou não um objetivo desejável. Como Richardson me disse, esses medicamentos funcionam. As crianças se adaptam e têm bom desempenho. Mas a que custo? O que tiramos delas quando as forçamos a adaptarem-se ao modelo de educação padrão?
Sempre confio nos pais em primeiro lugar e os apoio em suas decisões sobre o que é certo para seus filhos. Mas espero que mais pais cujos filhos apresentem características de TDAH considerem a possibilidade da escolaridade padrão ser o verdadeiro problema.
Felizmente, agora existem muitas outras alternativas de educação para esses pais explorarem,. Incluindo a BreakOut School, uma escola particular reconhecida e de baixo custo em Utah, participante de diversos programas de escolha de escola. Incluindo a nova Bolsa Utah Fits All, um programa de conta poupança para educação universal (ESA), recentemente aprovado. Cada criança do ensino fundamental e médio em Utah recebe acesso a cerca de US$8.000 por ano para usar em suas despesas educacionais aprovadas. Ademais, isso inclui as microescolas como a BreakOut School, cuja mensalidade gira em torno desse valor da ESA. Hoje, mais crianças têm acesso às alternativas escolares tradicionais do que nunca.
Escolaridade Padrão sufoca a Genialidade?
Há vários anos, escrevi sobre como Thomas Edison receberia Adderall hoje. Quando ele tinha oito anos, sua professora o chamou de “addled” (atrapalhado). Ademais, segundo todos os relatos, ele não conseguiu adaptar-se às condições da escola padrão. Mas sua mãe considerou o rótulo de “addled” inaceitável. Ela tirou o jovem Thomas da escola depois de apenas algumas semanas e o educou em casa a partir de então, usando uma abordagem amplamente autodirigida. “Ela entendeu-me; ela deixou-me seguir minha inclinação”, lembrou Edison.[1]
Anos mais tarde, Edison assegurava o seu lugar como um dos maiores inventores da América. Com mais de 1.000 patentes nos EUA — incluindo para o fonógrafo, a câmara cinematográfica e a lâmpada incandescente. Por isso, na época, um químico que trabalhava no seu enorme laboratório em New Jersey disse: “Se Edison recebesse a educação formal, talvez não tivesse a audácia de criar coisas tão impossíveis …”[2].
Portanto, hoje, com milhões de crianças retornando à escola — e algumas voltando a tomar medicamentos potentes — vale a pena perguntar: A educação tradicional realmente vale a pena? Ou existe algo melhor que permita que cada criança siga sua própria intuição e crie essas coisas impossíveis?
Referências
- [1] Josephson, Matthew. Edison: Uma biografia . Nova York: John Wiley & Sons, Inc., 1992, p. 22.
- [2] ibid, pág. 412.
Publicado originalmente na FEE, intitulado “What the Back-to-School Adderall Shortage Really Tells Us“. Traduzido por Samara Oliveira Barricelli. Título adaptado para a melhor compreensão.