Um cidadão da Suíça pode pegar dez dias de prisão por dizer que esqueletos são masculinos ou femininos
Toda vez que parece que chegamos ao auge da conscientização, um novo horror surge para ofuscar o anterior. Desta vez, é a história de um cidadão da Suíça, que enfrenta uma pena de prisão por uma postagem “transfóbica” nas redes sociais. Como noticiamos, citando o Reddux, Emanuel Brünisholz, um reparador de instrumentos de sopro de Burgdorf, recusou a pagar multa por expressar opinião supostamente ofensiva no Facebook. Como resultado, agora cumprirá uma pena de dez dias na prisão em dezembro.
Você deve perguntar-se o que exatamente Brünisholz disse para receber uma pena de prisão. Será que ameaçou uma pessoa transgênero, assediou um ativista ou incitou a violência contra um grupo de pessoas? Nem de longe. Em 2022, escreveu um comentário em resposta ao membro do Conselho Nacional Suíço, Andreas Glarner:
Se você desenterrar pessoas LGBTQI depois de 200 anos, só encontrará homens e mulheres com base em seus esqueletos. Todo o resto é doença mental promovida pelo currículo.
Por isso, o denunciaram à polícia Suíça — supostamente, vários ativistas e jornalistas — sendo interrogado por policiais em agosto de 2023. Quando questionado sobre sua intenção com a publicação, explicou: “Bem, para aqueles que pensam que não existe apenas homem e mulher, eu quero dizer a eles que existe apenas homem e mulher”. Mas também questionaram sobre sua opinião sobre a comunidade LGBTQIA+, à qual respondeu: “Nada, absolutamente nada. É um grupo extremista e que querem me silenciar”.
Biologia Criminalizada
O que Brünisholz escreveu não passava claramente d’um fato biológico — é perfeitamente possível olhar para um esqueleto e determinar se é masculino ou feminino. Então, por que dizer isso em voz alta o transformou num criminoso? O sistema judiciário da Suíça decidiu que, de acordo com o Artigo 261bis do Código Penal Suíço, seu comentário constituía incitação ao ódio. Aliás, ampliaram essa lei em 2020 para incluir a vaga categoria de “identidades sexuais”.
Num país sensato, tal caso jamais chegaria ao Ministério Público. Mesmo assim, um tribunal suíço decidiu que Brünisholz “menosprezou publicamente o grupo LGBT(Q)I com base em sua orientação sexual e d’uma forma que viola a dignidade humana”. Como tal, o multaram em 500 francos suíços.
No entanto, Brünisholz recusou-se a aceitar a decisão. Logo, recorreu em dezembro de 2023 no Tribunal Regional de Emmental-Oberaargau, mas novamente consideraram-no culpado. O recurso também custou-lhe mais 600 francos em custas judiciais. Apesar disso, Brünisholz recusa-se a pagar a multa. Em vez disso, optou por receber uma pena de dez dias de prisão, que deve começar em dezembro deste ano.
Sua decisão de permanecer preso por dez dias em vez de pagar multa por apresentar fatos científicos destaca o absurdo do caso. Não deveriam criminalizar dizer que o sexo é biologicamente determinado. Ademais, é literalmente o trabalho de arqueólogos e cientistas forenses examinar ossos e determinar o sexo da pessoa falecida. Pois é assim que encontramos a identidade das vítimas de crimes ou aprendemos sobre a vida de nossos ancestrais há muito falecidos. Fingir o contrário é pura ilusão.
Ancestrais Trans?
Porém, incrivelmente existe um grupo de arqueólogos que realmente acredita que não podemos — ou não deveríamos — determinar o sexo d’uma pessoa a partir de seu esqueleto. Mas também há alguns historiadores determinados a reescrever o passado, argumentando que povos antigos seriam “transgêneros”.
Num exemplo ridículo disso, um doutorando e tutor da Universidade de Liverpool afirmou em 2024 que guerreiros anglo-saxões do século VII seriam, na verdade, homens transgênero. Seu raciocínio era que, embora identificassem alguns dos restos mortais, descobertos na costa sul da Inglaterra, como femininos, havia itens associados historicamente a homens — como espadas, pontas de lança e escudos. O que, aparentemente, significaria que os anglo-saxões que viveram há mais de 1.300 anos decidiram identificar-se como trans.
Este acadêmico em particular acredita que “a lente da teoria trans e a linguagem do século XXI da ‘transidade’ têm potencial de melhorar a compreensão de historiadores sobre o gênero anglo-saxão primitivo”.
Suíça seguindo a Arqueologia Queer
Outros foram mais longe, argumentando que arqueólogos e antropólogos deveriam parar de classificar restos mortais humanos como masculinos ou femininos. Pois não saberíamos, argumentam, como essas pessoas mortas há muito tempo se identificavam e quais pronomes usavam. E seria uma ofensa grave potencialmente errar o gênero de um guerreiro viking ou centurião romano morto há mil anos. Alguns historiadores sugeriram que todos os esqueletos antigos fossem rotulados como “não binários” ou “neutros em relação ao gênero” para evitar insultos inadvertidos.
Entretanto, fora do mundo maluco da “arqueologia queer” a maioria das pessoas sensatas entende que os humanos são classificados numa de duas categorias biológicas. Sempre há exceções, é claro, mas raras. E mesmo nesses casos, os ossos de indivíduos intersexo carregam marcadores indicando o sexo dominante. Mas, na grande maioria dos casos, os esqueletos são claramente masculinos ou femininos. Certamente, nenhum deles é “não binário“.
É isso que torna a punição de Brünisholz por autoridades da Suíça tão absurda e insultuosa. A coerção, sob ameaça de represálias legais, a fingir que a verdade é opcional. Mas já vimos isso muitas vezes.
Perseguição da Agenda Trans
Lembram-se de Isabella Cêpa, a feminista brasileira forçada a buscar refúgio na Europa, após acusações criminais por “trocar o gênero” d’um político trans? Poderiam condená-la a 25 anos de prisão, em seu Brasil natal, porque referiu-se a um homem como “homem”. As bizarras leis antidiscriminação do Brasil tratam a transfobia como uma espécie de “racismo social”, e os crimes acarretam penas pesadas.
Ou veja o caso de Enoch Burke, professor irlandês que acabou na prisão por recusar-se a usar os pronomes preferidos de um aluno. Em 2022, Burke afirmou que não atenderia ao pedido para chamar um aluno do sexo masculino de “eles”, pois isso conflitava com suas crenças religiosas. Posteriormente, o suspenderam do ensino, mas continuou a frequentar a escola normalmente. Como resultado, prenderam Burke e recebeu uma multa total de €225.000.
Quando pessoas comuns recebem multas até o esquecimento ou até mesmo enfrentar pena de prisão por declarar fatos científicos, a verdade subordinou-se à ideologia. Somos compelidos a mentir para proteger os sentimentos d’um grupo cada vez menor de ativistas delirantes.
Mas criminalizar a realidade não a torna menos verdadeira. Ameaçar as pessoas a fingir que homens podem transformar-se milagrosamente em mulheres não significa que realmente possam. Fatos não curvam-se aos sentimentos, e leis não reescrevem a biologia, não importa o quanto o lobby trans queira que elas o façam.
Publicado originalmente em The European Conservative, intitulado “Switzerland Is Criminalising Common Sense“. Traduzido por Roberto Lacerda Barricelli.