Acordo Comercial entre EUA e UE continua em negociação e supostos benefícios não atingem a maioria, que pode ter piora nas condições de vida
Donald Trump anunciou no domingo (27) que seu governo fechou um acordo comercial com a União Europeia. Portanto, aplicaria ‘só’ uma tarifa de 15% sobre todos os produtos que os americanos compram da Europa, Mas exigiria que a UE comprasse certa quantidade de petróleo e armas de algumas empresas americanas.
Todavia, autoridades europeias esclareceram que este esboço não vincula juridicamente. Ademais, os dois lados ainda trabalham n’alguns detalhes. Entretanto, caracteristicamente, Trump comemora o “acordo” como uma grande vitória para o povo americano.
Mas não é bem assim.
Acordo Comercial tem seus Danos
Todo suposto benefício advindo do acordo se aplica apenas a um pequeno subconjunto do país, deixando o público americano, como um todo, em pior situação.
Primeiro, embora verdade que os oponentes de Trump no establishment usam argumentos fracos e às vezes ridículos contra as tarifas, realmente são ruins ao país como um todo. Pois as tarifas criam escassez. Porque tornam não lucrativo para empresas estrangeiras na margem continuarem vendendo seus produtos aos americanos. Portanto, eleva os preços mais do que na ausência da tarifa.
Mesmo que os produtores nacionais posicionem-se para suprir a escassez, exigirá desvios dos recursos da produção nacional para a qual eram usados anteriormente. N’outras palavras, transfere-se a escassez, mas nunca a elimina. A teoria econômica esclarece a inevitabilidade de tal efeito negativo das tarifas. A economia fica mais fraca do que seria de outra forma. E dados reais comprovam isso.
Escassez e Aumento de Preços
O argumento mais forte apresentado em favor da estratégia tarifária de Trump era que usava tarifas como forma de negociar nosso caminho para um mundo sem tarifas. Mas agora Trump aumentou permanentemente as tarifas sobre os bens e recursos europeus. Ou seja, que consumidores e empresas americanos compram. E a UE responde por grande parte do volume total do comércio com os EUA — até mais do que a tão difamada China.
Os únicos americanos que se beneficiarão serão as poucas empresas que agora podem cobrar preços mais altos de seus compatriotas. Porém, sem preocupar-se com a migração para uma alternativa europeia mais barata. Mas mesmo elas não ficarão imunes à escassez artificial de bens e recursos e aos preços mais altos que dela decorrem.
Da mesma forma, o fato de este acordo garantir que enviarão mais petróleo americano e mais armas de nossos estoques cada vez menores à Europa, só terá benefícios específicos aqui. O governo ajudando a enriquecer mais algumas empresas de energia e fabricantes de armas bem relacionadas. O que é ótimo para essas empresas. Mas não para o povo americano.
Acordo Comercial Enriquecerá a Burocracia Central
Pior ainda é o dinheiro indo diretamente ao governo. Pois Trump construiu suas duas campanhas com base na ideia (correta) de que a burocracia federal em Washington, D.C., é melhor vista como uma entidade separada. Ademais, que explora o povo americano. Sendo assim, prometeu reverter isso, ou “drenar o pântano”, como disse.
Agora, gaba-se de todo o dinheiro novo que está transferindo para a conta do Departamento do Tesouro. Ou seja, como se agora fosse todo “nosso” — como se estivesse enriquecendo todos os americanos. Não está. Mas, sim, alimentando a burocracia federal corrupta que prometeu combater. Portanto, inundando o pântano e agindo como se todos devêssemos gratidão.
Claro, essa nova receita reduz um pouco o déficit. No entanto, a dívida nacional é apenas um sintoma do problema real. Ou seja, dos gastos do governo atingindo níveis tão absurdos e impossíveis realisticamente de financiarcom dinheiro diretamente tributado da economia. Principalmente sem que ela colapse.
Conclusão
Deixar praticamente todos esses gastos iguais e aumentar um tipo de imposto como o Acordo Comercial? Sob o falso pretexto de que sua carga recai apenas sobre produtores estrangeiros? Não nos aproxima da solução desse problema.
Portanto, ou Trump genuinamente tenta ajudar o povo americano. Porém, deixa teorias econômicas falhas atrapalharem seus esforços. Ou realmente comprometeu-se em proteger e até expandir a rede de compadrio no cerne do nosso sistema. Todavia, à qual alegou opor-se. De qualquer forma, este último acordo comercial com a União Europeia não merece comemoração.
Artigo publicado originalmente no Mises Wire, do Mises Institute, sob o título “The US-EU Trade “Deal” is Nothing to Celebrate“. Traduzido por Roberto Lacerda Barricelli.