Análise do especialista em política, geopolítica e relações internacionais Sasha van Lammeren, sobre a aceleração do programa nuclear do Irã
O Irã já possui urânio enriquecido a 60%. Um estágio que não serve para produzir energia civil, mas que está perigosamente próximo dos 90% necessários para armas. Segundo a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), isso reduz o “breakout time” (o tempo necessário para alcançar material de grau militar) para dias, não anos.
Relatórios independentes, como o Institute for Science and International Security (ISIS), mostram uma realidade preocupante. Com apenas 4 cascatas de centrifugas avançadas, o Irã pode obter 25 kg de urânio de grau militar em cerca de uma semana. Em um mês, já teria material para múltiplas bombas: chegando a 9 armas nucleares em quatro semanas.
Até fontes conservadoras como a Reuters e Washington Post confirmam que em maio de 2025 o estoque iraniano incluía 9,2 toneladas de urânio enriquecido. Ou seja, com capacidade para até 9 bombas, e que o tempo de breakout estava reduzido a dias ou semanas.
Complexidade superada pelo Irã
A parte de montar um artefato nuclear e integrá-lo a um míssil é menos complexa e o Irã já estudou isso em detalhes. Inclusive com referências descobertas em arquivos secretos. O nível de enriquecimento é o principal obstáculo, e já está praticamente superado.
Essa combinação de fatores (estoque abundante a 60%, capacidade tecnológica intacta, histórico de planos para armamentos e ausência de supervisão AIEA eficiente) é o que torna a narrativa “o Irã ainda estaria longe de uma bomba” não apenas imprópria, mas perigosa.
O argumento de que levaria anos para o Irã produzir uma ogiva funcional bloqueia deliberadamente a gravidade da realidade. Na prática, já estamos falando de semanas para que esse regime autoritário adquira arma nuclear, o que justifica plenamente a urgência das reações internacionais e a pressão para neutralizar essa ameaça.
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